Mais lembrado como um dos precursores do movimento escolanovista no Brasil, Fernando de Azevedo foi também um dos pioneiros na institucionalização da sociologia no país, seja no que hoje conhecemos como educação básica (com especial ênfase na formação de professores primários), seja no ensino superior (através da Universidade de São Paulo, que consolida sua atuação na defesa do ensino de sociologia). A despeito dessa dupla frente de atuação, Azevedo não costuma ser arrolado como um dos pioneiros na institucionalização da sociologia no país, o que é devido, em parte, à consolidação de uma memória de autonomização das ciências sociais no Brasil que dá protagonismo a atores e instituições em atuação nos anos 1950. É interesse deste paper discutir o papel de Fernando de Azevedo na incorporação de instrumentais de análise sociológica na promoção de reformas no país. Tal incorporação foi feita a partir da leitura realizada pelo autor da obra do sociólogo francês Émile Durkheim, um dos pioneiros na legitimação dessa ciência. Essa leitura incorpora, de Durkheim, o papel central da educação - aqui incluída instituição escolar - na promoção de um repertório moral fundamental para a manutenção da ordem em sociedades em processo de mudança. Considerando sua atuação política nos anos 1920-1930, Azevedo fez do campo da educação o lócus que, por um lado, ofereceu-lhe uma identidade social - renovador da educação - ao mesmo tempo em que lhe garantiu os referenciais necessários para participar do debate sobre a modernização brasileira, especialmente após a tomada de poder por Getúlio Vargas em 1930. Nesse sentido, a atuação política de Azevedo teve como fundamento a proposição de uma modernidade possível ao país e que acompanhasse as intensas mudanças em curso na época, da imigração à industrialização. Para tal, seria necessário não apenas promover reformas - o que ele fez -, mas também reelaborar os instrumentos utilizados até então para compreensão da realidade do país. Aqui reside o protagonismo da sociologia no pensamento de Azevedo, seja enquanto repertório científico que legitima seus projetos de reforma, seja como instrumento de consolidação de um novo projeto de sociedade mobilizado pelo autor, uma sociedade moderna, distante do bacharelismo das elites e de seus conceitos vazios de nação, pois dependente, cada vez mais, da incorporação de amplas parcelas do povo no novo projeto de nação que começava a ganhar forma a partir de 1930. Nesse projeto, a sociologia proposta por Azevedo ganhou destaque, como pretendemos discutir nesta comunicação.
O 4º Seminário de Pensamento Social Brasileiro: intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, será realizado entre os dias 2 e 6 de junho de 2025, no formato híbrido. A programação presencial será realizada nas dependências do CCHN-Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, enquanto a programação virtual será transmitida pelas páginas oficiais do evento no YouTube e pela DoityPlay. Nesta edição contaremos com Conferência de Abertura, Grupos de Trabalho (modalidade virtual) e Conferência de Encerramento. Esperamos retomar o diálogo proposto nas edições anteriores do evento (1º SPSB, 2º SPSB e 3ºSPSB) que resultaram na publicação de livros oriundos das áreas temáticas presentes anteriormente (Coleção Pensamento Social Brasileiro-Volume 1 Volume 2 Volume 3 Volume 4), publicarmos novos livros oriundos desta edição do evento e que novas conexões possam ser criadas. Com esses sentimentos de alegria e reencontro, lhes desejamos boas-vindas!