A herança das mesclas do pensamento econômico keynesiano e desenvolvimentista é uma marca determinante do pensamento econômico-social brasileiro até hoje. No âmbito do setor saúde, a difusão deste de pensamento econômico teve muita penetrabilidade, sendo Hésio Cordeiro um dos pensadores mais influentes e identificados como tal. Em Cordeiro, o processo de capitalização da prática médica – que articula instituições prestadoras de assistência à saúde, de formação de recursos humanos e de produção de insumos materiais (medicamentos e equipamentos) – que conforma, no Brasil, o ‘complexo econômico industrial’ setorial, desde os anos 1970, é uma das principais construções teóricas do seu pensamento. Para o autor, esse complexo define as condições estruturais do sistema de desigualdades na organização da atenção à saúde no Brasil quando as políticas sociais do Estado brasileiro falham em alcançar a universalização do acesso aos serviços de saúde e em promover a equidade na distribuição e qualidade dos serviços, excluindo a participação democrática e controle da sociedade. Já sobre como se dá a análise do pensamento econômico e como esse se irradia, Renato Colistete se centra em orientar o olhar dos pesquisadores interessados nestas recepções, a fazer um juízo de valor sobre como as premissas do pensamento desenvolvimentista foi incorporado, alterado ou descaracterizado quando pensamos na forma como se deu a sua difusão. Colistete não produz uma análise direta sobre o sistema de saúde, no entanto, explora as formulações teóricas da CEPAL sobre o subdesenvolvimento latino-americano e como as dinâmicas estruturais influenciaram a trajetória econômica brasileira. Assim, neste sentido é que este estudo visa demarcar uma aproximação entre o pensamento econômico de Hésio Cordeiro e a análise de Renato Colistete sobre a evolução da economia brasileira, com base nesse binômio ‘economia-saúde’ e como este vem se reconfigurando ao longo dos anos com uma promessa de estabilidade econômica, assim como Hésio Cordeiro irá recepcionar o pensamento desenvolvimentista apostando neste em sua análise sobre a saúde pública no Brasil no período da redemocratização. Para isso, foi utilizada a modalidade textual ensaística e análise de conteúdo como método. Na primeira parte, buscou-se apresentar uma breve biografia intelectual e político-institucional dos pensadores. Em seguida, um resumo dos pensamentos com as principais ideias e conceitos dos autores. Foram abordadas as discussões da estrutura econômica e suas implicações para o desenvolvimento nacional; o financiamento do setor saúde durante a transição democrática e a proposta de reforma tributária para viabilizar o Sistema Único de Saúde (SUS); e a estratégia do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) como estratégia de estabilidade econômica.
O 4º Seminário de Pensamento Social Brasileiro: intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, será realizado entre os dias 2 e 6 de junho de 2025, no formato híbrido. A programação presencial será realizada nas dependências do CCHN-Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, enquanto a programação virtual será transmitida pelas páginas oficiais do evento no YouTube e pela DoityPlay. Nesta edição contaremos com Conferência de Abertura, Grupos de Trabalho (modalidade virtual) e Conferência de Encerramento. Esperamos retomar o diálogo proposto nas edições anteriores do evento (1º SPSB, 2º SPSB e 3ºSPSB) que resultaram na publicação de livros oriundos das áreas temáticas presentes anteriormente (Coleção Pensamento Social Brasileiro-Volume 1 Volume 2 Volume 3 Volume 4), publicarmos novos livros oriundos desta edição do evento e que novas conexões possam ser criadas. Com esses sentimentos de alegria e reencontro, lhes desejamos boas-vindas!