Brasil, fronteira: ascensão do mundo faccionado na fronteira amazônica entre Roraima e Venezuela

Brasil, fronteira: ascensão do mundo faccionado na fronteira amazônica entre Roraima e Venezuela

• Autor
• Gabriel Rocha da Silva
• Resumo

• "Brasil, fronteira" é um um estudo comparativo que possui o propósito de entender como a economia ilegal se reproduziu na fronteira entre Brasil e Venezuela durante o período de 2014 até 2024. Nesse momento, diversos fenômenos regionais impactaram a dinêmica fronteiriça entre os dois países trouxeram ainda mais um censo de urgência para o trabalho. 1) em um primeiro momento é possível elencar o avanço das facções do sudeste em direção à amazônia, o que impacta diretamente na dinãmica criminal local; 2) crise venezuelana e migração em massa: a depedência do petròleo e a queda no valor dos barris fez com que a qualidade de vida dos venezuelanos também despencanssem. Como alternativa, muitos venezuelanos migrararam para países vizinhos da América do Sul, incluindo o Brasil. A onda migratória fez com que operações militares fossem desencadeadas com o intuito de solucionar o "problema venezuelano" em território nacional. Operações militares foram montadas e como resultados, abrigos foram construídos com o intuito de abrigar os venezuelanos. No entanto, para além do abrigo, a cidade de Boa Vista deu no aumento populacional, e com a sua já fromação populacional fragmentada (Por ser considerada um vazio demográfico, como era dito na época da ditadura, Boa Vista sempre abarcou pessoas de outros estados, como gaúchos, paulistas, maranhenses etc ) agora, possui em seu vocabulário palavras oriundas do espanhol, trazida pelos migrantes que se instalaram na cidade; 3) aumento no preço do ouro e garimpeiros em território yanomami: hoje, mais do que nunca, o desafio brasileiro está em manter uma democracia estável ao mesmo tempo em que se conserva a amazônia. No entanto, preservar um e esquecer o outro não se trata de uma opção viável. No meio do caminho, a região de Roraima sempre foi suscetível aos balances do preço do ouro. O garimpo faz parte do folclore estadual bem mais do que se imagina. Toda pessoa em Boa Vista conhece alguém ou ele mesmo já fez parte do garimpo. Logo, se o governo progressista de Luis Inácio Lula da Silva tem como programa acabar com o garimpo, essa população logo se inclina ao outro lado do espectro político e se direciona a quem ouve suas demandas. No meio do caminho estão os indigenas, que observam a queda do céu, como diria David Kopenawa, com o avanço dos garimpeiros sob o território indigena. Malária, contaminação por mercúrio e como resultado, migrações forçadas. O universo, a cosmovisão indigena é brutalmente atacada. Os mais velhos, que tem um simbolismo central para os indigenas, podem se tornar um fardo na travessia forçada. Grande parte do terrítório indigena compõe Roraima, e, como na visão de muitos, esse pode ser um entrave para o desenvolvimento da região isolada da amazônia brasileira. A pesquisa revela os operadores e facilitadores desse mercado e como eles atuam em diferentes modelos, bem como suas conexões com frentes de garimpagem nos dois países e com grupos criminais de várias nacionalidades que interagem com a mineração ilegal. A fronteira é um lugar em que se propicia a propagação de atividades ilícitas e que pode estar ligada direta ou indiretamente a uma economia de predação à natureza e a conflitos com povos indígenas e seus territórios. 

• Palavras-chave
• Roraima, facções, crime organizado, amazônia
• Área Temática
• GT12 - Raízes intelectuais das novas direitas latino-americanas

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