O coronelismo é um sistema político e uma forma específica de poder privado característico da Primeira República, dotado de continuidades e descontinuidades que o presentificaram, embora já transmutado, ainda após a reabertura política de 1945. Da análise dessas continuidades e descontinuidades, entendemos que o coronelismo se subdivide em três momentos específicos, quais sejam, o coronelismo clássico ou tradicional até a Revolução de 1930; o coronelismo “capturado” ou “encabrestado” durante o período varguista e o coronelismo modernizado que se estendeu até a Ditadura Militar. O coronel, líder ou chefe político local, pelas funções que ocupava, especialmente no âmbito do município, personificava o Estado e várias vezes, ele era o próprio Estado presente. No Espírito Santo, em particular, o coronel, especialmente na Primeira República, originou-se de oligarquias de base familiar, algumas das quais remontam a antigos barões do Império, como a família Monjardim, em Vitória, e a parentela do barão de Aimorés, no norte do Estado. As regiões capixabas, no entanto, apresentam especificidades quanto ao sistema coronelista. No sul do Espírito Santo, os grupos oligárquicos representavam os anseios dos grandes cafeicultores e, na região de Vitória, esses grupos estavam voltados aos interesses mercantis-exportadores. Quanto ao norte do Estado, analisamos o surgimento das oligarquias a partir das primeiras décadas do século XIX, com a delegação de poderes privados a João Felipe Dupin de Almeida Calmon. As famílias que dele se formaram deram origem a diversos líderes políticos locais, dentre os quais Alexandre Calmon, um dos principais personagens da Revolta de Xandoca, que se tornou uma das mais representativas em termos de luta por poder político no seio das oligarquias capixabas. Da extensa parentela do barão de Aimorés, destacamos, em especial, seu filho, Eleosipo Rodrigues da Cunha, que dominou a política no município de São Mateus, sobretudo durante a Primeira República, e Otto de Oliveira Neves, um de seus maiores rivais políticos. Destacamos ainda, mais detidamente, Carlos Alberto dos Reis Castro como típico líder político de Conceição da Barra, formado, em particular, mediante a posse de fortuna oriunda do comércio e de seu carisma. No que toca ao fim do coronelismo no Espírito Santo, evidenciamos ainda o governador Francisco Lacerda de Aguiar como último representante no Estado desse sistema político.
O 4º Seminário de Pensamento Social Brasileiro: intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, será realizado entre os dias 2 e 6 de junho de 2025, no formato híbrido. A programação presencial será realizada nas dependências do CCHN-Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, enquanto a programação virtual será transmitida pelas páginas oficiais do evento no YouTube e pela DoityPlay. Nesta edição contaremos com Conferência de Abertura, Grupos de Trabalho (modalidade virtual) e Conferência de Encerramento. Esperamos retomar o diálogo proposto nas edições anteriores do evento (1º SPSB, 2º SPSB e 3ºSPSB) que resultaram na publicação de livros oriundos das áreas temáticas presentes anteriormente (Coleção Pensamento Social Brasileiro-Volume 1 Volume 2 Volume 3 Volume 4), publicarmos novos livros oriundos desta edição do evento e que novas conexões possam ser criadas. Com esses sentimentos de alegria e reencontro, lhes desejamos boas-vindas!