Alberto da Costa e Silva: intelectualidade, diplomacia e a construção de narrativas sobre a Africa e o Brasil

  • Autor
  • Rodrigo Fernandes VIcente
  • Resumo
  • Esta comunicação propõe uma reflexão sobre o lugar dos intelectuais na formação do pensamento social brasileiro e seus impactos na construção de uma democracia cultural mais inclusiva, tomando como eixo analítico a obra multifacetada de Alberto da Costa e Silva (1931-2023). Historiador, poeta e diplomata, Costa e Silva emergiu como uma das vozes mais originais na interpretação das relações históricas entre Brasil e África, articulando erudição acadêmica e atuação política em sua trajetória singular.

    O estudo concentra-se em três dimensões interligadas de sua produção: (1) sua contribuição historiográfica pioneira, que reposicionou o lugar da África na formação brasileira através de obras como A Enxada e a Lança (1992) e Um Rio Chamado Atlântico (2003); (2) seu papel como intelectual público, cuja atuação na Academia Brasileira de Letras e em espaços diplomáticos amplificou debates sobre as realções Brasil/África; e (3) sua inserção institucional como diplomata, analisando como sua visão histórica informou políticas culturais e aproximações diplomáticas com países africanos no pós-colonialismo.

    A análise ancora-se na análise gramsciana sobre intelectual para examinar como Costa e Silva operou como mediador entre saberes acadêmicos e políticas de Estado - sobretudo com sua atuação como embaixador brasileiro em Lagos, na Nigéria recém-independente. Seus estudos sobre os "retornados" (africanos que voltaram ao continente após a abolição) oferecem um caso emblemático dessa mediação, revelando como narrativas históricas podem ressignificar relações de poder e identidade no espaço transatlântico.

    A comunicação conclui com uma reflexão sobre o legado deste pensador para os desafios contemporâneos da democracia brasileira. Argumenta-se que sua obra oferece ferramentas críticas para: (a) repensar o lugar da África no imaginário nacional; (b) tensionar os limites entre produção intelectual e engajamento político; e (c) ampliar os parâmetros do pensamento social brasileiro através de perspectivas transnacionais. Por fim, sugere-se que a trajetória de Costa e Silva exemplifica como a erudição histórica pode informar projetos de sociedade mais plurais, oferecendo subsídios para enfrentar os desafios de uma democracia em construção.

  • Palavras-chave
  • Intelectualidade, Itamaraty, Historiografia Afro-Brasileira, Relações Brasil-África, Alberto da Costa e Silva
  • Área Temática
  • GT9 - Pensamento Social Brasileiro e Historiografia: problemas, aproximações, possibilidades
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O 4º Seminário de Pensamento Social Brasileiro: intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, será realizado entre os dias 2 e 6 de junho de 2025, no formato híbrido. A programação presencial será realizada nas dependências do CCHN-Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, enquanto a programação virtual será transmitida pelas páginas oficiais do evento no YouTube e pela DoityPlay. Nesta edição contaremos com Conferência de Abertura, Grupos de Trabalho (modalidade virtual) e Conferência de Encerramento. Esperamos retomar o diálogo proposto nas edições anteriores do evento (1º SPSB2º SPSB e 3ºSPSB) que resultaram na publicação de livros oriundos das áreas temáticas presentes anteriormente (Coleção Pensamento Social Brasileiro-Volume 1 Volume 2 Volume 3 Volume 4), publicarmos novos livros oriundos desta edição do evento e que novas conexões possam ser criadas. Com esses sentimentos de alegria e reencontro, lhes desejamos boas-vindas!

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