A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) trouxe uma nova perspectiva a democracia brasileira. O capitão reformado liderou uma renovação política que representou a aposentadoria de grandes caciques. Nos estados, não foi diferente. No Acre, o Partido dos Trabalhadores perdeu a disputa para o Palácio Rio Branco para Gladson Cameli (PP). É a primeira vez que desde 1988 que nenhum dos irmãos Viana ocupou função no Senado Federal ou no Poder Executivo. No Paraná, três vezes governador e candidato a reeleição, Roberto Requião perdeu a competição para senador. Beto Richa (PSDB), chefe de Estado entre 2010 a 2018, foi apenas o sexto colocado na disputa para a Casa Alta do Congresso Nacional. Ratinho Jr. (PSDB) levou no primeiro turno.
As eleições subnacionais nessas duas federações foram marcadas pelo elo entre os governadores eleitos e grupos midiáticos tradicionais. No Paraná, o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, proprietário da Rede Massa, afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), utilizou de seu capital midiático para eleger seu filho a governador, enquanto o Sistema Juruá, também associado ao SBT e de propriedade de James Cameli, primo do governador do Acre, deu suporte a candidatura do então senador (VERRI, 2019).
O coronelismo eletrônico é classificado por Hermann (2016) como uma prática monopolista que tem como objetivo a manutenção do poder político subnacional. Os conglomerados de mídia funcionam como um elemento importante as relações políticas que ocorrem nos estados, favorecendo a preservação do poder nas mãos de grupos e atores hegemônicos.
No Brasil, o processo de outorga de rádio e televisão foi utilizada como moeda de troca. O então presidente, José Sarney (MDB), com intuito de aprovar Emenda Constitucional que ampliaria seu mandato para cinco anos, promoveu a concessão de meios de comunicação a políticos e famílias tradicionais. Os efeitos foram vistos no fortalecimento de clãs regionais que, nesse momento, acumularam poder político e midiático.
Embora reproduzam particularidades das estruturas nacionais, os sistemas de mídias interagem com as dinâmicas locais (HERMANN, 2016) a partir dos contextos socioculturais das federações. É nesse contexto, que em um primeiro momento, foi feita uma análise comparativa (ANCIAUX, HERMANN e GUAZINA, 2017) entre os dois conglomeradores de mídia que comprovaram uma congruência quanto a três atributos (VERRI, 2019): 1) estrutura do conglomerado de mídia (quais são os veículos do grupo); 2) cobertura do candidato durante o período de pré-candidatura nos sites destas empresas; 3) promoção / cancelamento de debates e pesquisas eleitorais
Nessa pesquisa, buscamos identificar se há semelhanças no enquadramento dado aos governadores do Acre e Paraná no primeiro ano de mandato. Tomamos como base todas as notícias sobre Gladson Cameli e Ratinho Jr. nos sites que fazem parte do conglomerado midiático de suas famílias.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)