UM ANO DE GOVERNO: uma análise comparativa entre o elo de conglomerados de mídia e o enquadramento de governadores em estados do Norte e Sul

  • Autor
  • Francisco Verri
  • Co-autores
  • Natália Barros da Silva Gomes
  • Resumo
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    A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) trouxe uma nova perspectiva a democracia brasileira. O capitão reformado liderou uma renovação política que representou a aposentadoria de grandes caciques. Nos estados, não foi diferente. No Acre, o Partido dos Trabalhadores perdeu a disputa para o Palácio Rio Branco para Gladson Cameli (PP). É a primeira vez que desde 1988 que nenhum dos irmãos Viana ocupou função no Senado Federal ou no Poder Executivo. No Paraná, três vezes governador e candidato a reeleição, Roberto Requião perdeu a competição para senador. Beto Richa (PSDB), chefe de Estado entre 2010 a 2018, foi apenas o sexto colocado na disputa para a Casa Alta do Congresso Nacional.  Ratinho Jr. (PSDB) levou no primeiro turno.

              As eleições subnacionais nessas duas federações foram marcadas pelo elo entre os governadores eleitos e grupos midiáticos tradicionais.  No Paraná, o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, proprietário da Rede Massa, afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), utilizou de seu capital midiático para eleger seu filho a governador, enquanto o Sistema Juruá, também associado ao SBT e de propriedade de James Cameli, primo do governador do Acre, deu suporte a candidatura do então senador (VERRI, 2019).

              O coronelismo eletrônico é classificado por Hermann (2016) como uma prática monopolista que tem como objetivo a manutenção do poder político subnacional.  Os conglomerados de mídia funcionam como um elemento importante as relações políticas que ocorrem nos estados, favorecendo a preservação do poder nas mãos de grupos e atores hegemônicos.

    No Brasil, o processo de outorga de rádio e televisão foi utilizada como moeda de troca. O então presidente, José Sarney (MDB), com intuito de aprovar Emenda Constitucional que ampliaria seu mandato para cinco anos, promoveu a concessão de meios de comunicação a políticos e famílias tradicionais. Os efeitos foram vistos no fortalecimento de clãs regionais que, nesse momento, acumularam poder político e midiático.

    Embora reproduzam particularidades das estruturas nacionais, os sistemas de mídias interagem com as dinâmicas locais (HERMANN, 2016) a partir dos contextos socioculturais das federações.  É nesse contexto, que em um primeiro momento, foi feita uma análise comparativa (ANCIAUX, HERMANN e GUAZINA, 2017) entre os dois conglomeradores de mídia que comprovaram uma congruência quanto a três atributos (VERRI, 2019): 1) estrutura do conglomerado de mídia (quais são os veículos do grupo); 2) cobertura do candidato durante o período de pré-candidatura nos sites destas empresas; 3) promoção / cancelamento de debates e pesquisas eleitorais

    Nessa pesquisa, buscamos identificar se há semelhanças no enquadramento dado aos governadores do Acre e Paraná no primeiro ano de mandato.  Tomamos como base todas as notícias sobre Gladson Cameli e Ratinho Jr. nos sites que fazem parte do conglomerado midiático de suas famílias.

     

     

     

  • Palavras-chave
  • Coronelismo eletrônico, Conglomerado de mídia, Ratinho Jr. Gladosn Cameli
  • Área Temática
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
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  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
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