Este artigo debate o papel do morador de favelas do Rio de Janeiro como produtor de conteúdo digital no cenário de novos ecossistemas midiáticos (CANAVILHAS, 2010) administrados pelo duopólio da internet (Google e Facebook) a partir de um estudo de caso. Analisamos os perfis no Instagram e no YouTube de Nathaly Dias, @blogueiradebaixarenda, buscando pensar as formas encontradas pelo capitalismo para absorver a visibilidade conquistada pelos jovens moradores de favela com as novas plataformas midiáticas, e refletir sobre a autorrepresentação do local na contemporaneidade. A autocomunicação de massa (CASTELLS, 2015) é estimulada pelos interesses mercadológicos na mídia local (PERUZZO, 2006) e consagrada com a criação de stories para divulgação de conteúdo. De acordo com pesquisa realizada pela empresa de marketing digital Squid em 2019, influenciadores com base de fãs com até 30 mil usuários “são os que mais engajam nos stories do Instagram. Eles alcançam 14% mais participação do que perfis com mais de cem mil usuários” .
O capitalismo neoliberal se aproveita do posicionamento crítico das classes subalternas para se reinventar e absorver seus críticos, tornando-os parte do negócio (BOLTANSKY e CHIAPIELLO, 2009). O trabalho articula pesquisas em Comunicação Comunitária e na Economia Política da Comunicação, realizadas independentemente pelas autoras, mas que dialogam e colaboram para entender a quebra de paradigma da comunicação comunitária no que se refere ao seu modelo de negócios, seu funcionamento como estrutura de comunicação, sua distribuição e público-alvo. Para tanto, fizemos análise do conteúdo dos 257 posts de Nathaly no Instagram, de uma amostra de 20 dos 58 vídeos publicados no Canal Blogueira Baixa Renda, uma entrevista em profundidade com a youtuber e acompanhamento do noticiário sobre as gigantes da internet.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)