RESSIGNIFICAÇÃO DA INFLUÊNCIA DIGITAL EM PROL DA CIDADANIA: O CASO DA @BLOGUEIRADEBAIXARENDA NO DUOPÓLIO DA INTERNET

  • Autor
  • Lilian SABACK
  • Co-autores
  • Patrícia MAURÍCIO
  • Resumo
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    Este artigo debate o papel do morador de favelas do Rio de Janeiro como produtor de conteúdo digital no cenário de novos ecossistemas midiáticos (CANAVILHAS, 2010) administrados pelo duopólio da internet (Google e Facebook) a partir de um estudo de caso. Analisamos os perfis no Instagram e no YouTube de Nathaly Dias, @blogueiradebaixarenda, buscando pensar as formas encontradas pelo capitalismo para absorver a visibilidade conquistada pelos jovens moradores de favela com as novas plataformas midiáticas, e refletir sobre a autorrepresentação do local na contemporaneidade. A autocomunicação de massa (CASTELLS, 2015) é estimulada pelos interesses mercadológicos na mídia local (PERUZZO, 2006) e consagrada com a criação de stories para divulgação de conteúdo.  De acordo com pesquisa realizada pela empresa de marketing digital Squid em 2019, influenciadores com base de fãs com até 30 mil usuários “são os que mais engajam nos stories do Instagram. Eles alcançam 14% mais participação do que perfis com mais de cem mil usuários” . 

    Nathaly é moradora do Morro do Banco, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, seu perfil no Instagram tem como slogan “Lifestyle do BAIXA RENDA e blogueira da vida real”, e afirma que pretende “(re)significar a noção de ‘influência’”  atribuída aos produtores de conteúdo que comercializam, além de produtos, informação por meio de vídeos e fotos nesta rede social do Facebook. As perguntas de pesquisa são: até que ponto a ascensão da youtuber nas redes sociais contribui para a comunidade em que vive? O que Nathaly entende por “(re)significar a noção de ‘influência’”? O conteúdo tem uma estratégia para promoção de cidadania? Qual? Por que ela optou por ser produtora de conteúdo e não seguir uma carreira em administração de empresas, faculdade que cursa? Para ela, qual a lógica de fazer no mesmo dia posts com críticas sobre a situação da favela e comemorar que ganhou um iPhone, por exemplo? 

    O capitalismo neoliberal se aproveita do posicionamento crítico das classes subalternas para se reinventar e absorver seus críticos, tornando-os parte do negócio (BOLTANSKY e CHIAPIELLO, 2009). O trabalho articula pesquisas em Comunicação Comunitária e na Economia Política da Comunicação, realizadas independentemente pelas autoras, mas que dialogam e colaboram para entender a quebra de paradigma da comunicação comunitária no que se refere ao seu modelo de negócios, seu funcionamento como estrutura de comunicação, sua distribuição e público-alvo. Para tanto, fizemos análise do conteúdo dos 257 posts de Nathaly no Instagram, de uma amostra de 20 dos 58 vídeos publicados no Canal Blogueira Baixa Renda, uma entrevista em profundidade com a youtuber e acompanhamento do noticiário sobre as gigantes da internet.

     

     

  • Palavras-chave
  • Comunicação alternativa, Cidadanina, Economia Política da Comunicação, Mercantilização, Instagram
  • Área Temática
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

Comissão Organizadora

Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra

Comissão Científica

Murilo César Ramos (UnB)

Rozinaldo Miani (UEL)

Jonas Valente (LaPCom/UnB)

Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)

Juliana Teixeira (UFPI)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)

Ivonete da Silva Lopes (UFV)