Partejar: formação, difusão e produção audiovisual no (re)conhecimento das tradições indígenas e na resistência dos saberes das mulheres Potiguaras.

  • Autor
  • Micaelle Lages
  • Co-autores
  • Talita França , Isabella Valle
  • Resumo
  • O macroprojeto de extensão Partejar Potiguara é uma rede que interliga cursos das áreas de Comunicação, Saúde e Antropologia da Universidade Federal da Paraíba em articulação com mulheres indígenas das aldeias Potiguara na região do litoral norte do Estado. O objetivo vem sendo a valorização da humanização do parto através de uma troca de saberes, em que o conhecimento acadêmico encontra aliado ao conhecimento tradicional e ancestral das parteiras indígenas. Em 2019, dentro do campo da Comunicação, o Partejar promoveu aulas de iniciação em produção audiovisual para mulheres indígenas, a fim de que produzissem um documentário articulado às questões abordadas pelo macroprojeto. Para além de fomentar uma ainda maior aproximação dessas mulheres jovens com as raízes de sua cultura, também buscamos refletir sobre lugar de fala e incentivar a representatividade em sistemas de representação, a partir da autoria na narrativa de histórias sobre a cultura indígena.  

    Apesar das culturas coloniais serem dominantes nas produções audiovisuais, populações periféricas conseguem encontrar meios de contar suas histórias. Entende-se a necessidade das comunidades valorizarem sua identidade como forma de resistência à mídia que padroniza, coloniza e silencia a pluralidade de olhares e existências, muitas vezes na tentativa de extinguir ou marginalizar discursos e sujeitos.  O domínio da linguagem, da comunicação e a produção audiovisual permite o registro e a construção dessas memórias para amplificar a voz e promover visibilidade.

    Populações indígenas que têm seus saberes ameaçados se apropriam cada vez mais de mecanismos de registro audiovisual, na produção de seus discursos e sentidos, para dar visibilidade e legitimidade aos seus conhecimentos e narrativas. Neste projeto, a linguagem audiovisual chega até a saúde como uma ferramenta de observação, questionamento, reflexão e aproximação com saberes milenares. Ajudar na promoção da autonomia é andar em conjunto com os movimentos decoloniais, numa parceria que pode ser feita por meio do fomento da produção audiovisual popular como forma de resistência. A capacidade de produzir a autoimagem e a autonomia para falar sobre sua realidade e povo representam liberdade e colocam o cinema como potente ferramenta de luta política e empoderamento.

    No ensino de audiovisual, dentro do projeto, buscamos explorar a educação como prática da liberdade( Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire), incentivando nas alunas espírito crítico e criatividade nas atividades práticas. Tentamos encontrar metodologias engajadas e atentas ao contexto social do nosso encontro, derrubando os métodos tradicionais de ensino, que ainda são pouco cuidadosos à diversidade e muito voltados à padronização. Narrar não se trata só de ensino, mas também de experimento, nosso objetivo no projeto durante o ano de 2019 foi aliar a questão técnica do fazer fílmico com debates sociais e políticos, a fim de que as mulheres indígenas pudessem enxergar na produção cinematográfica e na ocupação de espaços a possibilidade de posicionamentos contra hegemônicos. 

     

    Ao fim do projeto de extensão, uma das alunas, Caroline Fideles, persistiu em realizar  um documentário, o qual ainda está em fase de finalização, sobre sua mãe, dona Maria, em uma entrevista que passa por temáticas de parto, maternidade, vida e relações familiares. 

  • Palavras-chave
  • Cinema e educação, Partejar Potiguara, Mulheres indígenas, Povo Potiguara da Paraíba, Documentário audiovisual indígena
  • Área Temática
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

Comissão Organizadora

Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra

Comissão Científica

Murilo César Ramos (UnB)

Rozinaldo Miani (UEL)

Jonas Valente (LaPCom/UnB)

Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)

Juliana Teixeira (UFPI)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)

Ivonete da Silva Lopes (UFV)