OS MERCADORES DO TEMPLO: ATUAÇÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS NO FINANCIAMENTO DE CAMPANHA ELEITORAL DE 2018

  • Autor
  • JOSIR CARDOSO GOMES
  • Co-autores
  • ARTHUR COELHO BEZERRA
  • Resumo
  • Um dos componentes centrais do funcionamento das democracias ocidentais é a eleição. Para entender como funcionam as eleições, especificamente no Brasil, é imprescindível falar do financiamento de campanhas eleitorais, já que este é um dos principais fatores que determinam o sucesso no pleito (MANCUSO, 2015; ARRUDA et al, 2017). Salvo raras exceções, a regra é bem definida: quanto maior o poder econômico do candidato, maiores as chances de se eleger. Estudar quais são as frações de classe e grupos de interesse que financiam os partidos políticos é tarefa das Ciências Políticas e Sociais. Na América Latina, é notório o crescimento de grupos políticos ligados às igrejas evangélicas ou protestantes (ASSMAN, 1986), representados, no Brasil, pela chamada bancada evangélica. Nesse sentido, a pergunta que origina a presente pesquisa é: como se dá o financiamento de campanha dos políticos ligados à bancada evangélica? Seria possível verificar, por exemplo, se o financiamento dos políticos que se autodenominam evangélicos é distinto dos demais candidatos? Com a promulgação da Lei de Acesso a Informação (LAI), foram criados instrumentos legais que permitem que se iniciem estudos não apenas sobre o financiamento de campanhas eleitorais (dados estes que já estavam disponíveis antes da LAI), mas, principalmente, que se possa realizar o cruzamento das doações com outros tipos de dados, tais como o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoal Jurídica) e os setores econômicos das empresas que investem em tais eleições. Esta pesquisa, de natureza exploratória, buscou cruzar os dados das doações eleitorais de 2018 (para todos os cargos) com os dados do CNPJ, realizando uma seleção apenas dos representantes legais de organizações religiosas evangélicas. Buscou-se, assim, construir um método que permita identificar quais e como agentes ligados a tais igrejas atuam no financiamento de campanhas eleitorais. O resultado mostra que, de todas as doações realizadas por pessoas físicas, 2,74% foram feitas por representantes legais de igrejas evangélicas com um montante doado próximo de 24 milhões de reais. Foi possível constatar, também, que 77% de todas as doações foram concentradas em apenas 4 partidos políticos (PROS, PRTB, PSL e PRB). Além disso, mais de 65% das doações se destinaram às campanhas para deputado estadual e não houve uma única doação para o cargo de presidente da república. Durante a pesquisa, foi possível verificar um constante embate entre a sociedade civil, ativistas e pesquisadores com órgãos de governo que criam dificuldades para que determinados dados não sejam disponibilizados para o público (BRAGA & TUZZO, 2017). No caso do CNPJ, foi somente em 2018, após intensa pressão de ativistas, que a Receita Federal divulgou a base de dados completa (ABRAJI, 2018). Além disso, a cultura de criação e reuso de aplicativos cívicos (GOMES et al, 2018) foi essencial para que os dados pudessem ser reaproveitados pelos pesquisadores. Em especial, a matéria jornalística de Santana et al (2019) foi fundamental para que se pudesse filtrar as igrejas evangélicas pelo CNPJ. Sem essas bases de dados, não teria sido possível realizar a presente pesquisa.

  • Palavras-chave
  • dados abertos, eleições, bancada evangélica, financiamento de campanha
  • Área Temática
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
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  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
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  • Jornada de Graduandos

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