POLÍTICAS PÚBLICAS AUDIOVISUAIS E DO PATRIMÔNIO CINEMATOGRÁFICO NA FRANÇA

  • Autor
  • Liciane Mamede
  • Resumo
  • O objetivo desta comunicação é abordar como se dá a trajetória mercantil do objeto fílmico e de que maneira seu processo de patrimonialização não necessariamente significa uma ruptura com seu “estado de mercadoria”. Pelo contrário, em países como a França (aqui tomado como estudo de caso), onde o mercado cinematográfico encontra-se relativamente bastante desenvolvido, patrimonializar um filme significa dar-lhe nova vida, inscrevê-lo em novas possibilidades mercadológicas. 

    Ao pensar o objeto fílmico sob o ponto de vista da mercadoria, os estudiosos da economia do cinema (seguindo uma divisão adotada de maneira canônica pelo próprio mercado) tendem a considerar que existem três momentos principais na trajetória de um filme: a produção, a distribuição e a exibição. Esses três estágios apontam para os três setores clássicos da economia cinematográfica, que envolvem atores interdependentes, mas, ao mesmo tempo, cujas relações não deixaram nunca de ser marcadas por uma constante disputa de interesses. 

    Se por um lado essa divisão é avalizada pelo próprio mercado, por outro, ela possui também o inconveniente de remeter à falsa ideia de que, após o momento de sua exibição em salas comerciais, um filme teria seu potencial mercadológico esgotado, chegando, assim, ao final de sua fase mercantil. Essa ideia é falsa pois, em tese, um filme é explorável enquanto mercadoria por pelo menos enquanto perdurarem seus direitos de autor ou, no limite, enquanto houver meios físicos para a exploração da obra. Ou seja, em existindo uma cópia dela projetável em condições de circular em algum estoque do mundo), em tese, ainda é possível rentabilizar em cima deste objeto – mesmo que, a esta altura, é possível ele não possua senão uma ínfima parte do que foi seu potencial mercantil de outrora.

    Uma obra cinematográfica que não se encontra mais resguardada pelo direito de autor, via de regra, não é um produto com acentuada dimensão mercantil, uma vez que, sendo antigo, dificilmente conseguirá mobilizar grandes plateias ou circular fora de um circuito restrito de filmes ditos “patrimoniais”. Ele estará, muito provavelmente, mais próximo do objeto museal, sendo exibido apenas em cinematecas e museus do cinema. Mas essa não é necessariamente a condição daquilo que os franceses denominam “filme de patrimônio”. Na França, as obras cinematográficas consideradas “patrimoniais” e, por isso, elegíveis a determinados tipos de suporte financeiro, são aquelas que foram lançadas em salas de cinema antes de primeiro de janeiro de 2000. São, portanto, obras que poderão ainda por muito tempo ser exploradas dentro de um circuito alternativo de filmes de patrimônio (que inclui festivais, salas de cinema “art et essai” e salas de cinematecas). 

     

  • Palavras-chave
  • cinema, patrimônio cinematográfico, economia da cultura
  • Área Temática
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
Voltar Download

A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

Comissão Organizadora

Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra

Comissão Científica

Murilo César Ramos (UnB)

Rozinaldo Miani (UEL)

Jonas Valente (LaPCom/UnB)

Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)

Juliana Teixeira (UFPI)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)

Ivonete da Silva Lopes (UFV)