Os termos “nativo digital” e “imigrante digital”, propostos na Declaração de Independência do Ciberespaço (escrita em 1996 por John Perry Barlow, um dos fundadores da Electronic Frontier Foundation), reforçam a tese de que vivemos em um novo regime de informação no último quinto ou quarto de século (BEZERRA, 2017), demarcado por uma divisão entre as gerações que foram educadas e socializadas em ambientes permeados pelas tecnologias digitais e aquelas que viveram a transição dos tempos analógicos para a chamada “sociedade da informação”. Estas, as gerações dos imigrantes digitais, são compostas pelo que uma outra proposta de definição caracteriza como baby boomers (os nascidos na explosão demográfica do pós-segunda guerra mundial), a geração X (dos nascidos nas décadas de 1960 e 1970) e os early millenials (que abarca as pessoas da geração Y nascidas na década de 1980), sendo os millenials da década de 1990 e a geração Z do século XXI os grupos considerados nativos digitais.
Não há dúvidas de que aqueles que nasceram no mundo conectado estão nas redes. A pesquisa TIC Kids Online 2018, que aborda o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil, aponta que a população entre 9 a 17 anos é usuária mais intensa (86%) de internet do que a média da população geral brasileira (70%). Entre os mais novos, 9 e 10 anos, já são 77% os usuários. Chama a atenção também a alta proporção de crianças de 9 e 10 anos com perfis em redes sociais (58%), apesar de a indicação etária para se inscrever na maioria delas ser de 13 anos - destes, 46% estão no WhatsApp, 23% no Facebook e 14% no Instagram. A desenvoltura técnica com que lidam com dispositivos tecnológicos para acessar redes sociais não deve, no entanto, ser confundida com as competências crítica, ética e até emocional que consideramos necessárias para o uso dessas novas tecnologias.
O International Computer and Information Literacy Study, pesquisa criada pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA) que avalia o conhecimento em tecnologias de informação e comunicação de alunos e professores, concluiu em seu estudo de 2013 que, embora 83% de 60.000 alunos (com média de 13 anos), avaliados em 21 países, tenham demonstrado possuir conhecimentos básicos de computação, apenas 2% aplicavam o pensamento crítico enquanto procuravam informações na internet.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)