O policiamento preditivo tem sido utilizado por corporações policiais ao redor do mundo sob o pretexto de melhora na eficiência das atividades de segurança pública. No entanto, é preciso pensar o uso destas ferramentas a partir de suas implicações técnicas, éticas e morais. Em paralelo, compreende-se como fundamental para a análise desses mecanismos de vigilância percebê-los como elementos do atual regime de informação. Como tal, faz-se necessário estudá-los na perspectiva dos estudos críticos de política de informação, de modo a não reproduzir padrões de objetividade e neutralidade no trabalho com tecnologias de informação e algoritmos, e captar as relações de dominação e poder imbricadas na própria constituição dos mecanismos. Parte-se da premissa que o uso de ferramentas tecnológicas de policiamento preditivo são parte operacional importante para a manutenção da sociedade do controle sobre os corpos periféricos no capitalismo de vigilância conformado no atual regime de informação. Para abordar tais aspectos, o policiamento preditivo e o capitalismo de vigilância, como elementos atuais da sociedade disciplinar inseridos e estruturados no regime de informação vigente serão adiante analisados com base num debate a partir dos trabalhos de Bernd Frohmann (1995), Fernanda Bruno (2009), Gilles Deleuze (1992), Maria Nélida González de Gómez (2002, 2012), Michel Foucault (1977) e Shoshanna Zuboff (2018).
Conclui-se, portanto, que, na atualidade, a vigilância não se encontra mais tão hierarquizada conforme o apontado por Michel Foucault (1977), mas sim distribuída de acordo com o indicado por Fernanda Bruno (2009). Caminha-se assim do panóptico de Bentham para o Grande Irmão de Orwell. O objetivo é o mesmo. Amansar e adocicar os corpos para torná-los produtivos.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)