Este artigo se dedica a entender as transformações culturais provocadas pelo avanço acelerado do capitalismo nas periferias do consumo, abordando as políticas culturais construídas pelas gestões de esquerda nos anos 2000, com foco no interior semiárido da Bahia. Desde a Economia Política da Comunicação e da Cultura, este trabalho aborda os impactos destas novas arquiteturas institucionais, as novas produções culturais geradas e seus impactos identitários.
Em particular, se dedica a situar o sertão no novo milênio com destaque às profundas alterações provocadas pelas inovações da virada política de esquerda no país (2003-2016). O texto aborda os impactos socioculturais dos governos de Lula e Dilma, e seus desdobramentos no Nordeste e no interior sertanejo. A ênfase são as políticas de comunicação e cultura, os discursos alternativos e os imaginários emergentes das supostas rupturas com os modelos hegemônicos. Ele é resultado de mais de 15 anos de investigação independente, que analisou os textos, os processos de construção e os produtos gerados pelas políticas de cultura no interior da Bahia.
Em síntese pode-se afirmar que todas essas alterações estão afetando e transformando as paisagens, os homens e as mulheres sertanejas de maneira radical. As inovações econômicas, políticas e culturais modificaram cenários e identidades secularmente construídos, como as figuras do vaqueiro, das rezadeiras e do cangaceiro. Até mesmo as mais isoladas comunidades rurais nordestinas, ainda que por trás de uma aparente calmaria, são hoje espaços em ebulição, complexos e contraditórios, que vivenciam reacomodações, conflitos e mudanças aceleradas pela mundialização do capital. Nesses cenários, faz-se necessário aguçar o olhar para perceber outros ângulos e formas de re-existência. Entre passado/futuro, tradição/modernidade, presenças/ausências, sujeito/estrutura emergem novos sertões polissêmicos e plurais. Neles, ora ressuscitam o boi e o sertão guardião das tradições dos antigos sertões boiadeiros, iniciados no século XVI. Ora irrompem as marcas da transformação e da modernidade periférica, enterrando os modos de vida que já não existem mais.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)