A ARTE COMO CRÍTICA NA COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO: NEODOCUMENTALISMO E FAKE NEWS

  • Autor
  • Pedro Vidal Diaz
  • Resumo
  • Busca discutir preceitos da competência em informação ressaltando o aprendizado e experimentação da arte como componente crítico. Devido a intensificação de conteúdos informacionais, principalmente audiovisuais por redes sociais, a habilidade de entender simbolicamente questões complexas se torna um desafio constante nas sociedades modernas. O problema intrínseco ao se interpretar uma informação se apresenta no dualismo inerente contendo ao mesmo tempo externalidades expressivas e internalidades intensivas que conformam o visível interpretável. A informação ao mesmo tempo revela e esconde suas influencias constituintes e onde a arte busca evidenciar tais paradoxos inerentes.

    A abordagem neodocumental apresenta uma leitura politica da informação contida em documentos e arquivos sociais, buscando revelar forças e contextos contingenciais da produção do conhecimento. A arte contida na produção arquivista constitui a multiplicação e abertura documental do conhecimento, diferenciando-se de conteúdos estratégicos e vetorizados como o denominado “fake News”. Termo popularmente denominado que apresenta aplicações estratégicas de desinformação social e competição politica pelas referencias do real através de conteúdo informacional, disparado eletronicamente por sistemas e agentes contratados.

    A relação contemporânea com o arquivo, seu consumo acelerado em informações micro-temporais, assim como sua apropriação emergente em tecno-políticas diversas, constitui um acervo coletivo e complexo. Intercambiado constantemente e sempre em mutação - e’e’’e’’’- se reproduz viralmente por frequências arbóreas de contato (BERARDI, 2014). A produção e reconhecimento destes vetores conectivos evidencia a informação hibridizada através da aceleração de processos sociais constituintes como memória, identidade, personalidade, status, influencia politica, referencia existencial e social.

    Os arquivos funcionam como testemunho dessa evidência social (HALL, 2001). Sejam alterados, manipulados, poetizados ou apenas reproduzidos, funcionam tanto na educação quanto na censura e monocultura da mente, treinada para operações do mercado. O fetiche semiótico capitalista de mercadorias transborda as referências e ilusões da realidade, acelerando a esfera de informação, saturando-a com mais sinais, mais simulações em um processo de designação do mundo. “Mais informações, menos significados” - essa inflexão na informação e suas contingências da realidade produz a patologização da esfera psíquica (DERRIDA, 1996). O tempo de recombinação da rede global percorre a dinâmica da produção e do trabalho, desterritorializando subjetivamente as referências sociais e da realidade. Esse movimento é alimentado pela mercantilização. Na criação e destruição, a experimentação da arte produz valor e consciência dos processos constituintes ou destituintes de simbolismos contingenciais (RICHARDS, 1993).

    A arte, portanto, adereçada à experimentação simbólica, fornece ferramentas cognitivas e produtoras de autonomia crítica e questionamento das referencias e intencionalidades politicas do uso de conteúdos simbólicos. Entre os pré-requisitos da alfabetização midiática, está o entendimento de como a mídia e o arquivo funcionam, como eles constroem a realidade, criam significado e como estão organizados, além de saber como usar de maneira criativa, sensível e ética (BURTON, 2005).

    A relação com consumo de mídia assim como criação e desenvolvimento de identidades e estéticas próprias e diversas marcam a autonomia educativa da constituição de si, a partir de suas localidades (SPIVAK, 1988). A produção de memória social e formação de identidades conformam a consolidação democrática de sociedades e suas expressões constitutivas.

  • Palavras-chave
  • arte, crítica, arquivo, política, competência em informação
  • Área Temática
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

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