A transição dos projetores dos cinemas brasileiros do padrão analógico para o digital foi realizada pelo programa da Ancine "Cinema Perto de Você” e finalizada em 2016, com a passagem de todas as salas para o padrão digital. Este programa foi uma intervenção regulatória do Estado para equilibrar uma estrutura que seria ditada apenas pela lógica mercantil e prejudicaria os cinemas menores, por não poderem realizar os investimentos necessários para essa "reposição tecnológica". Para entender quais outros caminhos poderiam ter sido explorados pela política de digitalização brasileira, pretendo resgatar os processos de digitalização da Argentina e do México por meio de um levantamento de relatos jornalísticos, artigos acadêmicos e sites das agências regulatórias desses países. Pretendo também resgatar o debate que antecedeu a digitalização no Brasil e se as expectativas para o setor foram realizadas. Além de situar o debate em termos factuais, pretendo aproximar o tema da literatura acadêmica da Economia Política das Comunicações.
A escolha desses países da América Latina ocorreu pela proximidade e pela similaridade que têm com o Brasil. Além disso, em 2016 México foi o quarto país com mais espectadores e salas de cinema (atrás apenas dos Estados Unidos, Índia e China). O mercado exibidor mexicano é dominado pelas empresas nacionais Cinépolis e Cinemex e conta com 6,3 mil telas, e 5,7 telas per capita, o que o posiciona como o quarto país do mundo em número de telas. O México também apresenta uma alta frequência per capita. Apesar da Argentina ter apenas 987 salas em 2017, enquanto o Brasil contava com 3223 salas, a quantidade de telas per capita é maior no país vizinho. A frequência ao cinema argentino também é maior. O market share dos filmes nacionais argentinos, de 11% superou o do Brasil, que em 2017 representou cerca de 9% dos filmes exibidos. O cinema argentino também é caracterizado pelo bom desempenho em festivais mundiais e sedia o importante festival de cinema de Mar del Plata.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)