ESTRATÉGIA POLÍTICA E IDEOLÓGICA: AS FAKE NEWS COMO PRÁTICAS INFORMACIONAIS DE DESINFORMAÇÃO

  • Autor
  • Juliana Ferreira Marques
  • Co-autores
  • Daniella Alves de Melo , Edvaldo Carvalho Alves
  • Resumo
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    Confrontada por uma realidade desafiadora desvelada por acontecimentos mundiais como o Brexit e as eleições presidenciais nos Estados Unidos, e, no Brasil, pelas eleições presidenciais de 2018, as práticas informacionais dos sujeitos passam a ser conduzidas por questões emocionais e crenças pessoais que buscam suplantar os fatos comprovados cientificamente, a liberdade e autonomia conquistadas com base na informação. Conforme destaca D’Ancona (2018, p. 19) “entramos em uma nova fase de combate político e intelectual, em que as ortodoxias e instituições democráticas estão sendo abaladas em suas bases por uma onda de populismo ameaçador. A racionalidade está sendo ameaçada pela emoção”. Esse cenário, descrito por alguns/as pesquisadores/as como “pós-verdade”, permite que as fake news possam ser utilizadas como estratégia política e ideológica, possibilitando que iniciativas de violência, exclusão e desigualdade social sejam encobertas diante de práticas informacionais que atuam como força motriz de um processo de desinformação. Diante dessa realidade, desenvolvemos essa pesquisa empírica, descritiva e documental de abordagem qualitativa, com o objetivo de identificar como as fake news configuram-se enquanto práticas informacionais de desinformação. Tomamos como base o procedimento metodológico de coleta de dados utilizado por Marques, Alves e Medeiros (2019), ou seja, as notícias disseminadas pelo governo federal brasileiro verificadas nas agências de fact-checking “Lupa” e “Aos Fatos”, de 1 de janeiro de 2019 a 17 de julho de 2019, identificadas como fake news, foram categorizadas, e, a partir daí, estabelecida uma relação entre as informações falsas e as práticas informacionais de desinformação utilizadas. Nesse sentido, diante da definição de Brisola e Bezerra (2018, p. 3319), segundo os quais “a desinformação envolve informação descontextualizada, fragmentada, manipulada, retirada de sua historicidade, tendenciosa, que apaga a realidade, distorce, subtrai, rotula ou confunde”, as fake news, utilizadas como estratégia político-ideológica, constituem-se em práticas informacionais voltadas à desinformação dos sujeitos. Considerando que os estudos das práticas informacionais evidenciam os significados socialmente partilhados do que é informação e o contexto sociocultural que compreende as necessidades informacionais (ARAÚJO, 2017) entendemos que as fake news devem ser estudadas não apenas como uma categoria que compõe o contexto de desinformação, mas, do ponto de vista da Ciência da Informação, precisam ser entendidas enquanto práticas informacionais dos sujeitos que agem no mundo e constroem esse mundo por meio das relações sociais. Neste sentido, a partir das fake news disseminadas pelo governo federal categorizadas de acordo com mecanismos de desinformação apontados por Brisola e Bezerra (2018), foram encontrados casos de alinhamento aos interesses do poder econômico e do poder político nos meios de informação e comunicação; manipulação do silenciamento, frivolização, desvio de atenção, marginalização de intelectuais rebeldes; excesso de comoção e aderência a sentimentos e afetos ao invés da razão, entre outros. Diante disso, situado no contexto da economia política da informação, este estudo deve lançar luz sobre esse fenômeno da desinformação que expõe não apenas uma crise do ponto de vista informacional, mas, acomete princípios democráticos, direitos e questões sociais a partir das práticas informacionais dos sujeitos.  

     

  • Palavras-chave
  • Práticas Informacionais, Desinformação, Fake news.
  • Área Temática
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

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  • GT1 – Políticas de comunicação
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  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
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  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

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