Entre os anos 1980 e 1990, o circuito exibidor de cinema sofreu uma transformação significativa: de salas grandes, algumas temáticas, passamos a contar com salas pequenas, despojadas, muitas organizadas em um novo sistema de exibição, chamado Multiplex, predominantemente estrangeiro. Essa reorganização do circuito hoje já conta com um número de salas comparado ao que tínhamos nos anos 1950 até meados dos anos 1960. São salas 100% digitalizadas, isto é, contam com equipamentos de nova geração, alta tecnologia e qualidade, com poltronas mais cômodas, som dolby digital, e um conjunto de serviços diferenciados num único espaço.
No entanto, essa recuperação e reorganização do setor exibidor não foi suficiente para atender todos os municípios do Brasil e, segundo dados da Oca/Ancine, o número de salas por habitante é ainda é muito alto: 62.293 por habitante, em 2018, enquanto o México, já em 2012, tinha 23 mil por sala.
O projeto Spcine, que envolve diversas áreas da atividade audiovisual, tem um braço na exibição, com o objetivo justamente de suprir a demanda em bairros periféricos do município de São Paulo, não atendidos pelas salas comerciais. Trata-se de 20 espaços que configuram a maior rede pública de salas do Brasil e que exibem, semanalmente, uma programação de filmes nacionais e internacionais.
Neste trabalho apresentamos uma análise sobre o público que frequenta esta rede realizada a partir das 2.182 respostas a um questionário de 30 perguntas, a maioria de múltipla escolha, utilizando o programa oferecido pelo Google Docs. O questionário foi enviado para um total de 14.911 whatsapps cadastrados e válidos fornecidos pelos freqüentadores da rede, afora um convite na página do Facebook do Spcine.
Entre outros objetivos procuramos verificar algumas opiniões preconcebidas sobre as preferências do público, se o filme nacional era bem ou mal avaliado, por exemplo, sobre qual gênero de filmes recai a preferência, sobre o funcionamento da divulgação da programação, as condições de acesso, bem como sobre o perfil do público, sua renda, a escolaridade, a idade e o gênero.
Uma das conclusões a que chegamos é que o circuito tem uma freqüência de espectadores que cumpre com seu objetivo, isto é, embora as salas desta rede que se situam na região central tenham um público maior, a soma do público daquelas situadas na periferia supera a soma daquelas na região central. Por outro lado, o trabalho também mostra que, surpreendentemente, 78% assistem filmes em plataformas como Netflix, Globoplay, Amazon Prime, Google Play, Spcine Play e para 55% é essa a forma que preferem ver os filmes quando estão em casa, sendo que a televisão (13,3%) quase empata com a televisão por assinatura (11,7%).
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)