DESAFIOS DA POLÍTICA CULTURAL NA REGIÃO SUL DA BAHIA Reflexões sobre a política de formação de gestores culturais na UESC

  • Autor
  • Fernando José Reis de Oliveira
  • Co-autores
  • Samuel Leandro Oliveira de Mattos , Silvana Mônica Luz
  • Resumo
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    RESUMO 

    A educação não deve ter por objetivo armar o cidadão para uma guerra contra os demais indivíduos da sociedade, menos ainda para a produção social de balbúrdias na universidade. Contrariamente, a finalidade última da cultura e da educação, cada vez menos buscada e menos atingida, consiste em enfrentar os desafios da realidade do conhecimento, da crise da universidade pública – que também é uma crise do Estado e da sociedade – para formar indivíduos, cidadãos aptos a interferir num mundo social em ebulição. Formar gestores e produtores culturais para o mercado de bens culturais e simbólicos, significa antes formar indivíduos cientes do papel que a cultura e a cidadania exercem no fortalecimento da comunidade e sua importância para a dialética entre emancipação e promoção da vida social. Pode a política cultural da universidade pública constituir-se em política emancipatória eficiente e eficaz para o enfrentamento da globalização neoliberal e suas tendências autoritárias, e quiçá transformar-se em estratégia de contra hegemonia, pelo fortalecendo da cultura e do desenvolvimento regional? Há muito necessitamos refletir criticamente sobre a natureza do conhecimento e da formação que estamos transmitindo à sociedade. Esta pesquisa almeja refletir sobre o processo de formação de gestores culturais para a Região Sul da Bahia, promovido pela UESC através do Curso de Especialização em Gestão Cultural, desde 2015, e se essa política cultural pode se transformar em estratégia coletiva e emancipatória para a comunidade, o local e a região. Para uma reflexão crítica sobre o papel da universidade pública e a política cultural da UESC nesse processo, trabalharemos com as contribuições teóricas de pensadores sociais como Bourdieu (2008), Santos (2013), Oliveira (2016) e Bolaño (2000), dentre outros. Se analisarmos as determinações inacabadas do capitalismo e da sociedade contemporânea, veremos como o princípio da comunidade foi negligenciado no âmbito da esfera da regulação, e submetido aos princípios do Estado e do mercado. O princípio da comunidade resistiu, em certa medida, a ser cooptado pela utopia do mercado e da “mão invisível” e continua a resistir às novas investidas do Estado neoliberal, quando este flerta abertamente com o autoritarismo de estado. É no domínio da comunidade e da emancipação, no âmbito da formação de novas racionalidades estético-expressivas, que vamos refletir sobre a formação de gestões culturais e analisar o papel da cultura e da diversidade cultural como campo aberto às indeterminações da sociedade, todavia apto à criação de novas epistemologias emancipatórias, na forma de estratégias de autonomia em prol da localidade e da comunidade regional, elo mais fraco da regulação. Ao tomamos a política cultural da UESC para estudo, constatamos que essa experiência coletiva e concreta de formação em gestão cultural, pode contribuir para repensarmos o papel da comunicação e da cultura em campo de produção de estratégias emancipatórias de contra hegemonia na região. O trabalho de construção de uma política cultural emancipatória passa pelo fortalecimento da atuação da universidade pública como agente impulsionador da participação da comunidade e da formação de novas redes de gestores e agentes culturais da Região Sul.

     

     

  • Palavras-chave
  • Política cultural, educação e política emancipatória, gestão cultural
  • Área Temática
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

Comissão Organizadora

Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra

Comissão Científica

Murilo César Ramos (UnB)

Rozinaldo Miani (UEL)

Jonas Valente (LaPCom/UnB)

Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)

Juliana Teixeira (UFPI)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)

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