A polarização ideológica pela qual o Brasil atravessa passa pela atuação da mídia corporativa, que historicamente tem desempenhado um papel central nas decisões econômicas e políticas do país. Na atualidade, a partir de 2013, com as chamadas jornadas de junho, a mídia se voltou para uma cobertura que levou à negação da política, com pautas que criminalizavam a esquerda e seus principais líderes. Esse perfil das empresas de comunicação e seus donos foi determinante para a eleição do militar Jair Bolsonaro para presidente da República, em 2018, assim como foi em outros fatos políticos passados, como o suicídio de Getúlio Vargas (1954), o golpe de 1964 e os impeachments de Fernando Collor de Mello (1992) e Dilma Rousseff (2016). Com base no jornalismo opinativo, este artigo pretende analisar o posicionamento dos articulistas do jornal O Globo, Merval Pereira e Mírian Leitão, acerca do processo que levou à prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em abril de 2018, prisão essa que deixou o caminho livre para a vitória de Bolsonaro nas urnas. O corpus que esse trabalho pretende se debruçar se limita à análise de duas semanas de jornal, compreendendo o período de 25 de março a 8 de abril, tempo que antecede o julgamento do Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal - que autorizou a prisão em segunda instância, no ida 4 de abril -, e a prisão do ex-presidente, ocorrida no dia 7 do mesmo mês. Para a análise, este trabalho terá como principal aporte teórico a Economia Política da Comunicação, a Economia Política do Jornalismo e as Indústrias Culturais, referenciais que lançam luz sobre os interesses políticos, econômicos, culturais e sociais da mídia hegemônica, a qual utiliza a comunicação como instrumento de dominação. O artigo também irá recorrer ao livro Jornalismo Opinativo, de José Marque de Melo, leitura essencial para definição do estilo textual em questão. Dentre os autores que serão consultados, destacam-se Bolaño (2005); Mosco (2010); Wasco (2006); Moraes (2008); Rebouças (2005); Dourado, Lopes e Marques (2016); Souza (2009); Netto e Braz (2012); Gramsci (2011); Lima (2006) e Marques de Melo (2003). No âmbito metodológico, o artigo irá recorrer à pesquisa bibliográfica e à análise de conteúdo.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)