SONS DA QUEBRADA E DA CALÇADA: TERRITORIALIDADES DA MÚSICA SERGIPANA (OU COMO A CIDADE DIZ ONDE CADA MÚSICA DEVE CIRCULAR)

  • Autor
  • Aline Braga Farias Conceição
  • Resumo
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    A cidade de Aracaju, capital sergipana, tem assistido nascer e morrer apropriações do espaço público por agentes culturais. Parte delas traz como principal elemento aglutinador execuções de música ao vivo que, por sua vez, sugerem diferentes relações com e na cidade e tornam-se importantes nós de circulação da música. Nesse horizonte, atualmente, o par ‘Som de Quebrada’ e ‘Som de Calçada’ potencializa evidências das possíveis relações locais entre música e urbanização.

    O Som de Quebrada acontece desde agosto de 2018, no calçadão do bairro Porto Dantas, na zona norte da cidade. A realização é do coletivo Nação Hip Hop Brasil. O Som de Calçada acontece há sete anos no Calçadão da Praia da Cinelândia, na Orla de Atalaia, na zona sul, realizado por um grupo de agentes culturais e músicos.

    Essas apropriações de espaços públicos, percebidas como territorialidades (Haesbaert, 2005), apresentam possibilidades de reconfiguração simbólica do espaço e da forma de circulação da música, ao mesmo tempo em que carregam vestígios de tensões sociais. Uma dinâmica que sugere um mapa a ser percorrido em busca das marcas de uma lógica que pode ser explicada pelas imbricações entre economia política da música e a urbanização.

    O jogo de palavras contido nos fenômenos estudados, Quebrada e Calçada, sugere então uma dicotomia registrada nas duas dimensões movidas por eles, o espaço público e a música. Dicotomia que parece reforçar a característica de uma cidade que distingue sua população de acordo com os lugares habitados e também pelo som que nesses lugares é produzido e reproduzido, como se a cidade dissesse onde cada tipo de música deve circular.

    Para a pesquisa de campo, estão sendo utilizadas as seguintes ferramentas de coleta de dados: observação de campo com produção de diário; entrevistas semiestruturadas e produção de mapas conceituais a partir da atuação dos atores com a música na cidade, baseada na ferramenta utilizada pela pesquisadora Sara Cohen (2012). Também são utilizados documentos históricos e notícias veiculadas na mídia.

    A análise desses fenômenos se utilizará das contribuições de autores como Will Straw, a partir do seu conceito de cena musical; das contribuições de Rogério Haesbaert, a partir de sua perspectiva sobre as territorialidades; da discussão sobre espaço público travada pelo pesquisador Manuel Delgado (2011) bem como de contribuições das pesquisas brasileiras no campo de Comunicação e Música de, mas não somente, Simone Sá, Jeder Janotti Jr., Cintia Sanmartin Fernandes e Micael Herschmann. Com o objetivo de perceber os circuitos do capital num paralelo entre os estudos do campo da Economia Política da Comunicação e da Cultura (EPC) e da Economia Política da Urbanização, também nos serviremos das contribuições de autores como Jacques Attali, David Harvey e Henry Lefebvre.

    O que se pretende é registrar os percursos da música no espaço urbano, pressupondo que estratégicas hegemônicas do capital conduzem essa circulação, e, ao mesmo tempo, buscando revelar usos desse espaço que desafiam essas estratégicas – sendo esse um início de mapeamento dessas apropriações na cidade de Aracaju.

     

     

  • Palavras-chave
  • Música, Economia Política da Cultura, Espaço Público, Territorialidades, Urbanização
  • Área Temática
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
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  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
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