O lugar e a periferia na mídia: a Rede Jornalistas das Periferias, o uso do território e os círculos de informações na cidade de São Paulo (SP)

  • Autor
  • Iago Vernek Fernandes
  • Resumo
  •  

    Apesar da grande importância das comunicações no atual momento, vivemos uma época de confusão dos espíritos, sendo a violência da informação um dos pilares da globalização (SANTOS, 2000). Esta violência é provocada em boa medida pela desinformação em massa produzida no âmbito da indústria cultural, num contexto de concentração da propriedade dos meios de comunicação e de controle modular das audiências pelas plataformas na internet. A ampliação do acesso às tecnologias da informação e a multiplicação de veículos de comunicação, com posições políticas diversificadas e ampla representatividade social (de classe, gênero, raça, sexualidade, etc.), levariam ao fortalecimento da democracia e da cidadania. A ausência daquelas, no entanto, tende a rebaixá-las. Condizente com a hierarquia da rede urbana, a monopolização digital e midiática assegura a massificação de um discurso único, enfraquecendo a pluralidade dos lugares e a diversidade de ideias.

    Esta pesquisa busca entender como se realizam os círculos de informações em regiões periféricas da cidade de São Paulo (SP), onde, além de negado o direito à informação, falta política pública, infraestrutura urbana, emprego e cidadania para a população. São justamente nestes espaços de escassez, alvos de constantes ofensivas do mercado imobiliário, que se encontram alguns coletivos capazes de produzir novos conteúdos comunicacionais, alternativos às narrativas hegemônicas da grande mídia e do Estado.

    Nosso objeto de estudo será a Rede Jornalistas das Periferias, organização que envolve diretamente nove coletivos de comunicação popular e comunitária (Nós, Mulheres da Periferia; Desenrola e não me Enrola; Do Lado De Cá; Historiorama: Conteúdo & Experiência; Mural - Agência de Jornalismo das Periferias; Periferia em Movimento; DiCampana; Imargem e Alma Preta), além de moradores, jornalistas e movimentos sociais das diversas periferias da capital paulista, onde se dão longos processos de fragmentação do território e segregação socioespacial, mas também onde se apresenta um rico histórico cultural e uma potente luta por direitos.

    Pretende-se analisar o modo como é retratada a periferia pobre na grande imprensa bem como o desenvolvimento de horizontalidades que através da organização coletiva produzem contra narrativas à leitura hegemônica sobre os espaços periféricos marginalizados. Para isso, faremos um levantamento do conteúdo noticiado nos principais veículos jornalísticos de São Paulo (SP) e mapearemos agentes e espaços coletivos que trabalham com comunicação popular e comunitária nas periferias urbanas da capital, problematizando os limites e potenciais das redes comunicativas ascendentes em relação ao uso do território (SANTOS, 2000).

    Através dos círculos de informações, empenharemos nosso estudo no espaço urbano e na economia política da mídia, a luz de métodos geográficos, para entender as desigualdades socioespaciais produzidas ou aprofundadas pelo sistema midiático comercial, além das formas de resistência construídas por uma comunicação alternativa que parte da solidariedade orgânica do lugar. Problematizaremos o modo de tratamento dado à periferia pobre na grande mídia e apontaremos as possibilidades de uso das técnicas de informação e comunicação pelos pobres, que revelam o lugar através do cotidiano compartilhado.

  • Palavras-chave
  • informação ascendente, urbanização, densidade comunicacional, lugar, São Paulo (SP).
  • Área Temática
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

Comissão Organizadora

Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra

Comissão Científica

Murilo César Ramos (UnB)

Rozinaldo Miani (UEL)

Jonas Valente (LaPCom/UnB)

Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)

Juliana Teixeira (UFPI)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)

Ivonete da Silva Lopes (UFV)