A economia criativa tem atraído na última década a atenção de pesquisadores, investidores, instituições e governos, devido a esse mercado estar em rápida expansão no Brasil e no mundo, seja devido ao faturamento das empresas ou na criação de vagas de empregos. Não obstante, tratar-se reconhecidamente de um mercado em constante crescimento no Brasil e no mundo, gerando, em 2017, uma riqueza de R$ 171,5 bilhões para a economia brasileira (FIRJAN, 2019), ainda pairam muitas dúvidas sobre a definição dos segmentos e das cadeias produtivas que integram a chamada economia criativa. Pode-se dizer que a noção de economia criativa vai além do conceito de economia da cultura, englobando os modos de produção e distribuição da indústria cultural, assim como das Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC), onde o seu princípio de valor reside na criatividade e na inovação de seus produtos e serviços, diferenciando-se da ecnomoia industrial clássica. Objetiva-se analisar a noção conceitual e a evolução do emprego formal nos segmentos da economia criativa no Território de Identidade Litoral Sul do Estado da Bahia – TLSB (SEI, 2013), no período de 2014 a 2018, e avaliar a efetividade da participação do setor criativo no desenvolvimento regional. O TLSB tem sua economia baseada, principalmente, na agricultura, indústria e turismo, além de possuir uma vasta riqueza artística, histórica e cultural. Além da pesquisa bibliográfica, com ênfase na relação entre criatividade, cultura e desenvolvimento econômico regional, passando por autores como Schumpeter (1997); Benhamou (2007); Tolila (2007); Florida (2011), Yúdice (2006); Furtado (1983) e Santos (1988); trabalharemos com técnicas de pesquisa de dados secundários, para averiguar o número de empregos formais nos setores da economia criativa. As atividades econômicas objetos dessa pesquisa seguem a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0) e foram selecionadas de acordo com a metodologia adotada pelo Mapeamento da Indústria Criativa da FIRJAN (2019), que considera 13 segmentos criativos divididos em três grandes áreas criativas: Consumo (Publicidade e Marketing, Arquitetura, Design, Moda); Cultura (Expressões Culturais, Patrimônio e Artes, Música, Artes Cênicas); Mídia (Editorial e Audiovisual) e Tecnologia (Pesquisa e Desenvolvimento - P&D, Biotecnologia e Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC). Com base nos dados obtidos através da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia, constatamos que o mercado de trabalho formal da economia criativa no Território Litoral Sul da Bahia era responsável por 3.872 postos de trabalho ocupados em 2018, aproximadamente 3,7% do total de empregos do território naquele ano (107.091). No entanto, é possível perceber também que o setor sofreu perdas no número de trabalhadores entre 2014 e 2018 nas áreas de Consumo (-42%), Cultura (-6%) e Mídias (-27%), decorrência da crise econômica no Brasil e seu impacto no TLSB. Essas perdas representaram a redução de 9,24% no número de vagas de trabalho na comparação entre os dois anos. Por outro lado, a área de Tecnologia obteve crescimento de 28% no período, atestando a importância do segmento de pesquisa, desenvolvimento (P&D) e tecnologias da informação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BENHAMOU, Fraçoise. A economia da cultura, Tradução: Geraldo Gerson de Souza. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2007.
FIRJAN, FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO RIO DE JANEIRO. Mapeamento da indústria criativa no Brasil. Rio de Janeiro: Sistema Firjan, 2019. Disponível em: <https://www.firjan.com.br/economiacriativa/downloads/MapeamentoIndustriaCriativa.pdf>. Acesso em: 30 set. 2019.
FLORIDA, R. The rise of the creative class. Nova York: Basic Books, 2002.
FURTADO, Celso. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teórico e metodológico da geografia. São Paulo: HUCITEC, 1988.
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
SEI, SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Estatísticas dos Municípios Baianos: Território de Identidade nº 5 Litoral Sul. Salvador: SEI, 2013. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br/images/publicacoes/sumario/estatisticas_municipios/sumario_est_mun_v4_litoral_sul.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2019.
TOLILA, Paul. Cultura e economia: problemas, hipóteses, pistas. Tradução: Celso M. Pacionik. São Paulo: Iluminuras : Itaú Cultural, 2007.
YÚDICE, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)