A criação de conteúdos multiplataforma originais, voltados para o universo feminino,
falando de temas como comportamento, afetos, identidades de gênero e maternidade, veem crescendo exponencialmente, se tornando referencial de valores culturais, éticos, estéticos, humanitários, além de desempenhar um influente papel na educac?ão informal das famílias brasileiras.
As séries televisivas no formato Reality Show Drama Familiar Comportamental, exibidas nesta última década no Canal GNT, são um exemplo deste produto de infotenimento.
Alvo garantido de patrocinadores, este formato narrativo, mostra-se altamente lucrativo pela facilidade de estabelecimento de franquias e por custo de realização mais barato do que as ficções. Seu processo de criação, muitas vezes, envolve as demandas da publicidade de lançar tendências de consumo a cada nova temporada, sem um posicionamento crítico daquilo que está sendo transmitido. A contratação do elenco atende as temáticas do público-alvo. Especialistas multidisciplinares, nutricionistas, psicólogos e educadores do sono, integrados aos diretores de programa e roteiristas, apresentam suas metodologias de “ajuda” adaptadas a cronologia do audiovisual. Estes técnicos, telemorfoses, influenciadores digitais, transmitem orientações objetivas e subjetivas ao difundir narrativas e jornadas de heróis sobre como dormir, o que comer ou o que consumir. Como participantes, no protagonismo, personagens reais com questões e dramas comportamentais. Para atender famílias desesperadas e infantojuvenis sem limites, este tipo de produção exige a montagem de um grupo interdisciplinar de trabalho, que nem sempre pode ser atendido por questões orçamentárias.
Com o rápido crescimento dos usuários de serviços on demand, a adoção de estratégias transmídia, tanto na produção como na recepção, além das interações por meio de redes sociais, estes conteúdos, questões cotidianas originalmente estruturadas para televisão, sofrem adaptações, pluralizando formatos, a digitalização da vida.
Ester Hamburguer (socióloga), diz que as aproximações estéticas no modo de fazer dos conteúdos televisivos convidam a abordagens comparativas que especulem sobre o lugar do imprevisto e do improviso na indústria cultural contemporânea. O pesquisador canadense Arthur Kroker conceituou o reality show como “TV excremental. Para Kroker (1987) o formato causou uma mudança na função social da TV : de mídia informativa ou de entretenimento, para agenciadora das necessidades psíquicas de sacrifício, disciplina, vigilância e reenergização dos telespectadores por meio da violência.
Através do método de pesquisa bibliográpropõe uma reflexão sobre os processos industriais que englobam a realização destas séries e as necessidades de políticas culturais relacionadas a produção e exibição deste formato em foco. fica multidisciplinar, e tendo como fonte as séries televisivas nacionais originais, no formato Reality Show Drama Familiar Comportamental, exibidas na programação do Canal GNT, Globosat, entre os anos de 2011e 2019, este artigo
Justifica-se esta pesquisa pela atuação da autora: diretora de TV e desenvolvedora de conteúdo, tendo como coautoria quatro séries exibidas no GNT: Boas Vindas, vencendo barreiras; Bons Sonhos, Quebra Cabeça e Socorro meu filho come mal. Com expertise de 27 anos na indústria do entretenimento (TV Bandeirantes, MTV, Rede Globo), executiva da Guanabara Brazil Comunicação e mestranda da Fundação Casa de Rui Barbosa, a autora acredita ser de extrema importância refletir e dar função social a este gênero televisivo.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)