Mediação: um conceito dialético

  • Autor
  • LUANA MENEGUELLI BONONE
  • Co-autores
  • MARCOS DANTAS
  • Resumo
  • Esta comunicação visa debater o conceito de mediação, de Martín-Barbero (2015), atualizado por Orozco (1994), Ronsini (2010) e aplicado em pesquisa empírica de referência por Lopes, Borelli e Resende (2002), considerando os diversos aspectos da relação da audiência com a programação (tais como: percepção dos espectadores a respeito da estética da programação brasileira, impacto desta programação no seu cotidiano, identidade da programação com elementos da cultura, entre outros). Como parte da construção de uma pesquisa de doutorado cujo recorte de análise é a programação televisiva que atende à lei 12.485/2011, a qual, entre outras definições, estabeleceu cotas de programação nacional em canais estrangeiros de TV por assinatura no Brasil, compreende-se que a utilização do termo "receptor" é inadequada, tanto pela carga semântica que leva à ideia de passividade diante de um processo, quando na verdade aquele que busca a informação é um sujeito ativo; quanto pelo histórico dos estudos de recepção no campo da comunicação, cuja origem está na positivista Teoria dos Usos e Gratificações. Mesmo considerando o novo sentido que os Estudos Culturais latinoamericanos passam a dar ao termo, ao considerar as resistências e produções de sentidos presentes na chamada recepção, tal conceito ainda se apresenta limitado, à medida que tem por foco duas perspectivas opostas: a constatação de um processo dominação ideológica – que frequentemente leva à compreensão de manipulação da audiência –, ou respostas críticas, resistências produzidas pela audiência. A partir desta compreensão, opta-se pelo uso do termo mediações, que além de promover um deslocamento metodológico que tira os media – os meios – do centro, revela-se essencialmente dialético. Cabe ressaltar que o debate sobre o conceito de mediação não é nada pacífico, dada a banalidade de utilização deste termo, que por vezes leva à conclusão de que tudo é mediação (logo, o conceito não explicaria nada). Ao mesmo tempo em que se busca neste trabalho evitar compreensões excessivamente amplas, é importante considerar as críticas que apontam para uma dualidade estabelecida pelas perspectivas que colocam os meios de comunicação como mediadores entre emissor e receptor. Assim, a proposta é uma apresentação e debate sobre o conceito, considerando as elaborações dos autores supracitados, complementado pela leitura de autores como Lukács (2003), Bakhtin (2006), Sfez (1991), Wilden (2001), Mészáros (2013); Thompson (1998) e Williams (1979; 2016). Serão debatidos, ainda, os limites do conceito de mediação, a partir das análises críticas realizadas por Signates (2003), por Martins (2019a; 2019b) e por Ronsini (2010), sempre em diálogo com as elaborações de Martín-Barbero (2015), Williams (1979; 2016), Thompson (1998) e Marx (2013). O argumento principal que se sustenta nesta comunicação é que não se trata de ignorar a importância de compreender do processo de produção da comunicação como parte do próprio processo de recepção, mas sim de articular o conceito de mediação consolidado com esses novos elementos que relacionam de maneira dialética produção e relação da audiência com a programação. 

  • Palavras-chave
  • Mediação; dialética; Martín-Barbero; Economia Política da Comunicação
  • Área Temática
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
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  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

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