A FORMA SOCIAL DA COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO SOVIÉTICO: PERTINÊNCIA DE CATEGORIAS DA EPICC PARA O ESTUDO DA COMUNICAÇÃO NA URSS

  • Autor
  • Manoel Dourado Bastos
  • Co-autores
  • Tatiane Iaquinto Ywatsugo , Willian Casagrande Fusaro
  • Resumo
  • O presente artigo discute a pertinência de categorias centrais para o estudo da Economia
    Política da Informação, Comunicação e Cultura (EPICC) no âmbito da URSS. Para essa
    classificação, o artigo reconhece a EPICC como fundamento para a práxis comunicacional do
    chamado socialismo real, adotando as concepções de Bolaño (2000) que definem a comunicação
    como uma forma social, assim como o constructo teórico da teoria da derivação que se desenvolveu
    no âmbito da República Federal da Alemanha, durante a década de 1970. Devido à relação
    intrínseca entre a forma comunicação e o capitalismo, o desafio presente neste artigo aos estudiosos
    da EPC é, precisamente, o de categorizar as experiências comunicacionais circunscritas a uma
    sociedade que almejava uma transição ao comunismo com o aporte teórico da EPC. Seria isso
    possível?
    Neste sentido, iniciaremos, a partir de uma análise bibliográfica, a exposição com a definição
    da categoria dialética de “forma social”, embasados em um pequeno artigo escrito por Arthur
    (2016), que relaciona o que o autor cunhou de “nova dialética” e O Capital , de Marx (2017).
    Depois, aproximaremos do debate as concepções de Kurz (1999) a respeito da derrocada da
    experiência socialista na URSS. COm a resolução da categorização da forma social como pertinente
    à experiência socialista, partiremos a uma exposição do método da derivação das formas, aplicado à
    comunicação, de Bolaño. Por fim, reconheceremos os fundamentos da práxis comunicacional russa
    tal qual foram expostos pelas pesquisadoras Roth-Ey e Zakharova (2015), relacionando-as ao
    conceito de forma-comunicação.
    Partindo dos resultados obtidos por Arthur, para o qual a forma capitalismo foi destruída na
    URSS, chegamos à conclusão de que a forma social, embora destruída, não acabou com o capital e
    sua expressão, o sistema fabril, encarada pelo autor como a “forma material” do sistema. Além
    disso, o caráter da divisão social do trabalho, categoria fundante do capitalismo, assim como sua
    configuração técnica desprovida de autovalorização do valor, transformaram a experiência soviética
    em um misto de “nem capitalismo, nem socialismo”, ou o que o autor cunhou de uma inadequação
    entre forma e conteúdo. Kurz, por outro lado, compreende o sistema soviético como parte do
    sistema mundial de produção de mercadorias, a despeito da coerção dos mecanismos de regulação
    estatais da economia planificada soviética. A partir desses apontamentos, consideramos que a
    experiência soviética constitui-se de uma expressão peculiar da forma social do sistema de
    produção de mercadorias.
    Como hipótese, este trabalho ressalta a intersecção entre as funções propaganda e publicidade,
    cunhadas por Bolaño (2000). Já que houve uma indissociação entre a produção de mercadorias e a
    lógica da acumulação de mais-valia (devido ao expurgo da concorrência), a publicidade passa a
    assumir uma forma ideológica na concepção de um modo de vida ao trabalhador soviético. Ou seja,
    a propalada preponderância da função propaganda devido à disseminação da produção cultural
    ideológica do regime não obscureceria a função publicidade enquanto modeladora de um novo
    modo de vida. Esta cumpriria uma função de circulação, ainda que a própria circulação de capital
    estivesse interrompida.

  • Palavras-chave
  • Forma social da comunicação, URSS, função publicidade, função propaganda, informação para a dinâmica de trabalho
  • Área Temática
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
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