MÍDIA PROGRAMÁTICA: APROPRIAÇÃO ALGORÍTMICA DE TRABALHO NÃO PAGO

  • Autor
  • Tiago Tadeu de Oliveira
  • Co-autores
  • Marcos Dantas
  • Resumo
  •  

    O objetivo desta comunicação é apresentar uma reflexão sobre o uso das tecnologias que envolvem a operação de publicidade direcionada no processo de acumulação capital através da valorização dos dados pelo trabalho não pago da audiência (DALLAS, 1977).

    Neste início de século XXI, o campo da comunicação social passou por profundas transformações no que se refere ao seu conteúdo tecnológico, fazendo surgir um novo modelo de negócios, conhecido como mídia programática, caracterizado por um conjunto de tecnologias que propicia novos paradigmas na publicidade tradicional e transforma toda uma cadeia de fluxos informacionais, derivada da audiência dos espaços digitais.

    A mídia programática opera com determinados protocolos técnicos. O seu funcionamento é orientado para realizar leilões virtuais, para intermediar a compra e venda de banner publicitário digital. Estes leilões acontecem durante atividades lúdicas ou profissionais no interior de sites ou aplicativos, processo que é realizado no momento em que usuários visualizam ou carregam publicidades direto dos seus dispositivos e nos mais diversos tipos de formatos digitais (imagem, vídeo, gif, áudios etc.). Trata-se de aparatos com os quais os algorítmicos se alinham na “colonização do espaço público por uma esfera privada hipertrofiada” (ROUVROY; BERNS, 2015, p. 38)  porque incumbidos em motivar o consumo a partir das aparências nos espaços virtuais e dentro da cultura de uma sociedade do espetáculo (DEBORD, 1997 [1968]), conforme Fontenelle (2002), Sibilia (2012) e Schneider (2015). Este procedimento social busca fomentar a compra e venda de produtos e serviços diante do aspecto teorizado do fetichismo da mercadoria.

    Neste modelo de negócios, as plataformas sociodigitais adquirem receita ao oferecer um serviço gratuito em troca da promoção e intermediação na compra e venda de banners publicitários segmentados. A indústria de publicidade direcionada é uma das principais fontes de valorização e acumulação de capital no capitalismo contemporâneo, exemplo da Alphabet/Google, Amazon e Facebook. Nessa linha, entende-se que cada vez mais os investimentos capitalistas voltam-se à otimização de redes tecnológicas de comunicação e processamento de informação para obtenção de mais dados impulsionados pela valorização no mercado financeiro.

    Este tipo de processo corrobora a valorização do capital e, conforme Dantas (2018), reduz ao limite zero o tempo de circulação do capital. O que, em hipótese, só seria possível através da exploração do trabalho informacional e não pago da população de usuários dessa rede. Sendo assim, o capital desenvolve e investe em tecnologias capazes de interpretar e articular a vida social, tornando a produção da desinformação política dentro de assuntos em pauta como da vigilância social. Para perseguir este objetivo de analisar a hipótese citada, pretende-se seguir a seguinte estrutura metodológica:

    1º Seção: Referencial teórico sobre o processo utilizado nas tecnologias digitais, fomentado como modelo de negócio.

    2º Seção: Abordar os principais aspectos e características da indústria de publicidade digital direcionada;

    3º Seção: Relação do processo da publicidade direcionada com a intensificação monopolista das empresas de tecnologia, a partir da Economia Política referenciada à teoria crítica de Marx.

  • Palavras-chave
  • trabalho, plataformas sociodigitais, midia programatica
  • Área Temática
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

Comissão Organizadora

Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra

Comissão Científica

Murilo César Ramos (UnB)

Rozinaldo Miani (UEL)

Jonas Valente (LaPCom/UnB)

Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)

Juliana Teixeira (UFPI)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)

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