Para as ciências sociais e humanas, atividade publicitária e comunicação comunitária são propostas incompatíveis. Se seguíssemos esta linha, a própria expressão Publicidade Social já seria, sem si, incoerente. Todavia, nos baseamos na perspectiva da Publicidade Social trabalhada e investigada pelo LACCOPS-UFF1 , onde tais linhas estão em plena convergência prática e teórica.
O LACCOPS não só estruturou uma tipificação com cinco eixos de investigação2, como vem registrando e participando de atividades em cada uma delas. Pari passu ao viés epistemológico, esta vertente publicitária atua no cotidiano de diversas maneiras: seja transfigurando as potencialidades locais a partir da participação popular com tecnologias digitais (Afirmativa); fortalecendo ações voltadas à transformação planetária baseadas no desenvolvimento sustentável e autonomia das comunidades (Comunitária); consolidando avanços sociais alinhados aos movimentos sociais e aos Direitos Humanos (de causa); em termos éticos-políticos, atuando na construção de políticas públicas (de Interesse Público); ou no financiamento de projetos com relevância cultural, esportiva, etc., mantendo o protagonismo nos beneficiários e não nos patrocinadores (Transversal).
Esta Publicidade está alocada no campo da Comunicação Social que, recentemente, foi descrita como uma “Ciência Pós-disciplinar”, ou seja, um campo que não deve ser limitado à própria “materialidade institucional e discursiva” (SODRÉ,2014,p.120) do paradigma informacional. Assim, a Publicidade Social também não deve se restringir às perspectivas operacionais ou crítico-cognitivas, mas é premente que seja pensada como ferramenta estratégica viabilizadora da ordem vinculativa priorizando a existência humana em nível mundial, independentemente de suas atividades começarem local ou gobalmente.
Para tanto, trabalharemos com a tipificação da Publicidade Social Transversal (PST), que está diretamente ligada à Comunicação Transversal cuja premissa afirma que o investimento social deve:
ir além da relação financeira e de prestação de contas entre financiador e financiado, mas também deve manter um canal aberto e livre para o diálogo, através da imersão (pesquisa-ação) nos territórios e envolvimento com os produtores culturais e suas respectivas causas [...], detectar oportunidades de parcerias que não sejam financeiras (como por exemplo, ceder espaços culturais das empresas sem custos) e acionamento de redes. (KASSIS, 2018 apud SALDANHA, 2019).
A PST está alinhada às propostas da agenda 2030 da ONU, principalmente ao ODS 17 que visa “Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável” (ONU, 2020), onde uma das metas é “Incentivar e promover parcerias públicas, público-privadas e com a sociedade civil eficazes, a partir da experiência das estratégias de mobilização de recursos dessas parcerias”(Idem).
Demonstraremos dois projetos de PST criados, produzidos e desenvolvidos e implementados pelo LACCOPS em dois micro-espaços e momentos diferentes, com base na pesquisa-ação alinhada à pesquisa bibliográfica:
o “Provi Criativa: a melhor visão do Morro. Uma produção coletiva entre a juventude do Morro da Providência e a juventude do LACCOPS”. Financiamento: parceria Light e Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, com atuação no Morro da Providência, em 2017.
o “Moldando o Futuro: oficinas de comunicação em prol da sustentabilidade dos oleiros de Itaboraí”. Financiado: Enel, e realizado pela parceria ONG Criar Brasil/LACCOPS, em Itaboraí, 2020 (em desenvolvimento).
1 LACCOPS–UFF/PPGMC - Laboratório de Investigação em Comunicação Comunitária e Publicidade Social (reconhecido pelo CNPq- desde 2014).
2Publicidade Social Afirmativa, Publicidade Social Comunitária, Publicidade Social de Causa, Publicidade Social de Interesse Público, Publicidade Social Transversal.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)