ESPETÁCULO TELEVISIVO E ASCENSÃO CONSERVADORA DO BRASIL NO PROGRAMA FALA QUE EU TE ESCUTO

  • Autor
  • Raíssa Sales de Macêdo
  • Resumo
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    Este artigo tem como foco as narrativas produzidas pelo programa Fala que eu te escuto, da RecordTV, acerca de questões políticas atuais no país. Analisando um corpus de 12 edições que se passaram entre 2016 e 2018, foi realizado um percurso que vai desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), de centro-esquerda, até a eleição do presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro.

    Nesse contexto, nosso objetivo é compreender a função assumida pelos discursos analisados em relação aos processos político-eleitorais recentes. Além disso, partimos da hipótese de que há um alinhamento ideológico do programa com a agenda ultraconservadora em ascensão no período estudado, o que pode ser explicado, de acordo com Aires e Santos (2017c, p. 16), pela interconexão entre os sistemas midiático e político do Brasil.

    Ao longo da pesquisa, refletimos sobre as particularidades da radiodifusão brasileira, mas também sobre suas características universais, afinal, segundo Mosco (2011), com a inserção na lógica do capitalismo liberal, vivemos sob a crescente integração dos sistemas midiáticos a uma economia política global, o que se reflete na proliferação, a nível mundial, de lideranças políticas relacionadas ao espetáculo.

    No cenário brasileiro, um importante fator a ser considerado foi o crescimento do protestantismo e a utilização bem-sucedida dos meios de comunicação como instrumento de pregação pelos neopentecostais, com destaque para a Igreja Universal (IURD), associada à emissora e ao programa em questão, que se utiliza de narrativas ancoradas em uma moral religiosa, e, especificamente cristã, para tratar assuntos cotidianos e temas tido como “polêmicos”. 

    Tendo isso em vista, foi desenvolvida uma discussão teórica baseada, principalmente, em conceitos trazidos por Avritzer (2019), Debord (2003), Chauí (2004), Aires (2017a; 2017b), Aires e Santos (2017), e Souza (2015; 2019), o que nos forneceu os instrumentos necessários para a compreensão, na última parte deste trabalho, das estratégias, posições e perspectivas ideológicas propagadas pelo Fala que eu te escuto.

    Optando por categorizar suas edições de acordo com o período em que foram televisionadas, constata-se que as temáticas abordadas refletem, majoritariamente, discussões que já estavam em pauta na mídia e na sociedade, como o Impeachment de Dilma Rousseff, a eleição do bispo Marcelo Crivella (Republicanos) como prefeito do Rio de Janeiro, a exposição ‘Queermuseum’, além de pautas como corrupção, redução da maioridade penal e ideologia de gênero.

    Já ao separar as edições do programa por meio de temáticas, pudemos observar a presença de três narrativas principais: a religiosa, que perpassa todas as outras; a que aborda os “problemas nacionais”, muitas vezes associados a questões de classe e raça; e a narrativa em defesa dos valores da “família tradicional”, muitas vezes vinculada a fundamentalismos e distorções preconceituosas.

     

  • Palavras-chave
  • Conservadorismo; Espetáculo; Religião; Televisão
  • Área Temática
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

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  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

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