Como democratizar o streaming e video-on-demand diante da concentração midiática? Como veículos independentes podem sobreviver diante de empresários e políticos que controlam os meios de comunicação e não permitem a gestão democrática da comunicação voltada para os meios digitais? Para tentar compreender as alternativas da comunicação local e da democratização da comunicação diante dos grandes conglomerados internacionais da área em atuação no Brasil trabalha-se com pesquisa bibliográfica e documental, estudos de caso e entrevistas semi-estruturadas com representantes do setor empresarial, políticos e da sociedade civil. Parte-se de conceitos e estudos que vêm sendo feitos nas áreas de Economia Política da Comunicação, da Informação e da Cultura e de Políticas da Comunicação, trabalhando-se com autores como Adilson Cabral (2016), Eula Cabral (2016), Dênis de Moraes (2016), William Dias Braga (2016), Laurindo Leal Filho (2016), Alain Herscovici (2016), Renan da Silva Marques e Jacqueline Lima Dourado (2016), dentre outros. Além dos estudos de mercado como o “Concentração e Diversidade na Internet: um estudo da camada de aplicações e conteúdos” de autoria do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social. Pois, analisa-se que os grandes conglomerados digitais em atuação no Brasil agem a favor da concentração midiática, isto é, agrupam a produção e distribuição de conteúdo midiático nas mãos de poucos proprietários estrangeiros que buscam a hegemonia econômica e cultural em detrimento do direito à comunicação e da comunicação democrática, voltada para a afirmação da cultura local e dos direitos humanos. O monopólio de conteúdo de empresas como a Google (Youtube), Netflix e até o site de conteúdo pornográfico XVideos são possibilitados pela incapacidade do sistema de democracia representativa em regulamentar a entrada dessas empresas no setor de comunicações brasileiro. Essa falta de regulação incentiva a grande concentração de renda e conteúdo e impede que produtores e distribuidores brasileiros se estabeleçam no mercado e participem da competição pela audiência e pela formação da identidade cultural da população. Essa concentração, que é ilegal perante a construção brasileira - que carece de formas de regulamentação do mercado -, incentiva que grupos estrangeiros produzam, exibam e regulam o que é consumido pela população brasileira. Isso incentiva que os ideais compartilhados pelas linhas editoriais dessas empresas sejam consumidos por grande parte da população e introduz uma grande ameaça à cultura local e a democracia, seja por parte da veiculação de conteúdos voltados para a dominação cultural capitalista e nacionalista ou até voltados para a dominação de gênero e raça. Diante disso, procura-se entender como funciona o cenário da comunicação e estudar formas de incentivar o pluralismo de conteúdo e a diversidade cultural, até que eles se sobreponham aos interesses econômicos desses grupos e a comunicação seja apropriada pela sociedade como direito de todo(a)s.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)