De que maneiras aprende-se a odiar é uma das perguntas que tenta-se responder neste artigo. Para tanto, procura-se investigar de que forma os meios de comunicação de massa contribuem, ainda de de forma involuntária, para fomentar o ódio entre diferentes grupos sociais, aqui especificamente entre negros e brancos. Para Audre Lorde , os tradicionais veículos de comunicação não querem que haja reação frente ao racismo, uma vez que “querem que o racismo seja aceito como um fato imutável da estrutura da nossa sociedade” (2019, p.161). Assim, analisa-se como a naturalização do racismo, que se dá, por exemplo, a partir da representação estereotipada dos diferentes grupos raciais que compõe a sociedade, fomentam a aprendizagem do ódio entre estes grupos. Para tanto, analisaremos de que forma as chamadas população de cor, as quais, pela nomenclatura estadunidense, reúne pessoas afroamericanas ou de origem da chamada américa hispânica, são retratadas na série de TV Breaking Bad.
Analisa-se também a personagem principal desta série,Walter White que pode ser considerada a representação daquilo que o sociólogo estadunidense Michael Kimmel classificou como Angry white men. Para este estudioso os impactos das transformações econômicas dos últimos anos, da globalização e da desindustrialização, geraram uma sensação de frustração e raiva em cidadãos americanos de classe média. No entanto, a análise do professor Kimmel vai além das questões econômicas ao afirmar que por trás do fenômeno do “homem branco zangado”, existem aspectos culturais relacionados a questões de raça e gênero. Sobre quais as razões homens brancos se consideram traídos ou abandonados pelo sonho americano, tido por eles como um direito ao privilégio, e o por quê esta espécie de ressentimento virou uma raiva à Direita, Kimmel afirma que eles vão para a Direita se forem convencidos ou seduzidos a culpar “pessoas de cor” pelos seus problemas.
Neste sentido, o fato de que White passa as três primeiras temporadas da série matando exclusivamente outras personagens que não são brancas é algo significativo no mundo em que os abalos causados ao posto de comando do homem branco também estão relacionados com a ascensão de grupos minoritários a espaços de poder. Por estas razões, Walter White representa aqueles que estão tentando manter o poder e a supremacia em um mundo cada vez mais desafiador, tornando-se um símbolo do moderno homem branco americano, que perde um pouco do seu poder total, frente à ascensão de negros, hispânicos e mulheres. Evidentemente, comparado a outras demografias, o homem branco ainda ocupa folgadamente o topo da pirâmide social nas sociedades ocidentais, mas ele está muito menos no controle do que esteve sua geração anterior. O que esta sensação de perda do controle social por parte de homens brancos resulta em fomento ao ódio às minorias e de que maneiras sua representação na série de TV Breaking Bad está dada são as propostas de análise deste trabalho.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)