Este trabalho busca analisar o discurso de condenação aos direitos humanos na televisão brasileira, suas origens, estruturação, padronização e reverberação. Considerando a apropriação discursiva sobre o significado e a importância da preservação dos direitos fundamentais dos indivíduos virou plataforma política de grupos conservadores da política nacional, faz-se necessário analisar de que forma o discurso televisivo contribuiu para que pessoas de diferentes origens sociais se posicionassem contra seus próprios interesses. Para tanto, analisaremos trechos de programas veiculados em diferentes horários e de diferentes emissoras de televisão, numa tentativa de traçar um perfil das estratégias utilizadas no processo de desvalorização de posturas humanizadas no trato da sociedade com suas mazelas, em especial naquilo que envolve criminalidade e violência. Buscaremos, também, contextualizar a história deste gênero, sua evolução e proliferação. Neste sentido, destaca-se que, de acordo com a coleta e análise de dados feitas pela pesquisa “Um discurso (de ódio) e muitas vozes: privilégio, prestígio, fé e a economia política da comunicação em tempos de desdemocratização”, em diferentes estados do país e em diversas emissoras de TV, há a replicação de mensagens que quase invariavelmente envolvem humilhação de indivíduos envolvidos em diferentes tipos de crimes, o que acaba por descredibilizar qualquer argumentos pró- direitos humanos, ao tratá-lo como vitimismo e defesa de “bandidos e vagabundos”. Essa situação só piora quando percebe-se que quem fala são, majoritariamente, pessoas brancas, quase sempre homens, representando ideias próprias ou de seus pares e patrões: os donos de emissoras, também brancos e pertencentes às classes sociais mais altas do país. Considerando que estes proprietários ou comunicadores são também representantes do poder público por, muitas vezes, também ocuparem cargos nos poderes legislativos e executivos, conforme também atestam atestam os dados deste projeto, é possível que suas ideias influenciem desequilibrando o jogo democrático, uma vez que apenas seus interesses são veiculados, a partir da parcialidade em relação aos fatos exibidos. Propõe-se, por fim, demonstrar como a demonização dos “direitos humanos” constitui-se numa ferramenta de marketing para reforçar relações sociais opressivas e enaltecer saídas neoliberais para a crise capitalista. Argumentamos que o discurso radical de direita atende não apenas aos interesses elitistas no ataque aos direitos sociais, mas também à reorganização da própria economia política da televisão brasileira.
A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.
O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os. Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.
Comissão Organizadora
Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra
Comissão Científica
Murilo César Ramos (UnB)
Rozinaldo Miani (UEL)
Jonas Valente (LaPCom/UnB)
Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)
Juliana Teixeira (UFPI)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)
Ivonete da Silva Lopes (UFV)