ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DO COMITÊ DE MOBILIZAÇÃO ESTUDANTIL DA UESC NA GREVE DE 2019

  • Autor
  • Patrick Silva Cavalcante
  • Resumo
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    Pretendemos, com este trabalho, abordar as estratégias comunicacionais utilizadas pelo Comitê de Mobilização Estudantil (COMOBE) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), no contexto da Greve Docente de 2019, sob a justificativa da importância de se fazer um registro dos processos comunicativos de luta do movimento estudantil brasileiro, pois vivemos numa conjuntura política muito alicerçada na censura em detrimento das liberdades de expressão.

    O COMOBE foi um movimento deliberado em Assembleia Geral de Estudantes, convocada pelo Diretório Central de Estudantes (DCE/UESC), em razão da Greve deflagrada na Assembleia de Professores do dia 10 de abril de 2019, na UESC.

    Os motivos que levaram à greve, que durou 63 dias, foram o contingenciamento orçamentário de 110 milhões de reais do orçamento dos anos de 2018 e 2019 das Universidades Estaduais da Bahia (UEBA) – UESC, UESB, UNEB e UEFS –, indo de encontro à prerrogativa de autonomia financeira dessas instituições e comprometendo o bom funcionamento dos serviços essenciais da universidade.

    Os professores reivindicavam o pagamento do total das perdas salariais dos últimos 4 anos; a promoção e a progressão de carreira – o que possibilitaria a contratação de novos profissionais –; a revogação da cláusula do Estatuto do Magistério Superior, que aumentava a carga horária mínima de trabalho para docentes em regime de Dedicação Exclusiva; e a destinação de, no mínimo, 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI) para o orçamento das UEBA. Para os estudantes, as pautas de reivindicações estaduais giravam em torno da revogação de cláusulas meritocráticas e excludentes do programa assistencialista “Mais Futuro”; da antiga pauta da rubrica de 1% da RLI para a Permanência Estudantil; da assistência biopsicossocial para estudantes, professores e funcionários; além de pautas muito antigas a nível local, como as criações da Creche e da Residência Universitárias.

    Com o objetivo de difundir a greve na UESC e as pautas das categorias, bem como de pressionar o governo do Estado da Bahia a negociar com as universidades, eram realizadas reuniões periódicas do Fórum das Associações Docentes, bem como do COMOBE com o Comando de Greve Docente da UESC, para discutir e deliberar sobre um calendário de lutas unificado e posterior delegação de tarefas em comissões setoriais como as de metodologia e de comunicação. Esta última tinha o papel de realizar todas as tarefas relacionadas à publicidade das ações do Comitê e de suas reuniões, às principais notícias sobre a greve e à mobilização estudantil para as atividades constantes no calendário de lutas.

    Para o devido cumprimento dessas ações, a Comissão de Comunicação desenvolvia banners, notas, reportagens, releases, vídeos e álbuns de fotografias, utilizando a internet como principal meio de comunicação entre os membros da equipe e de divulgação das atividades do Comitê. Além dos atos públicos em defesa da educação, ocorridos no eixo Ilhéus-Itabuna e em Salvador, os estudantes promoviam diversos tipos de espaços de formação política e se preocupavam também com a organização de eventos festivos, a exemplo de saraus temáticos, como uma importante tática utilizada para agregar uma quantidade maior de estudantes na greve. Os espaços de formação se davam através de Aulas Públicas, Mesas de Debate, Grupos de Estudo e Encontros de Formação, cujo principal deles foi o Fórum de Estudantes das UEBA que, no momento, encontrava-se em sua 9ª edição, sob a temática do “Histórico do Fórum e Reconstrução do Movimento Estudantil”. 

    Dessa forma, ao se fazer um estudo de caso, nesse período de 63 dias de greve, com os textos, as imagens e os materiais áudio visuais presentes na página do Comitê no Facebook e nas mensagens do grupo do movimento no WhatsApp, observou-se que os estudantes se valeram de três estratégias comunicativas: 1. Formativa: ligada a atividades pedagógicas para a aquisição de conhecimentos acerca da conjuntura política local; 2. Política: relacionada à prática de ações de protesto e de mobilização estudantil em prol da negociação com o governo; 3. Artística: mais ligada a atividades relacionadas ao lúdico, com o objetivo de agregação dos estudantes para o movimento grevista e sob o entendimento de que a inserção do Eros no movimento estudantil é de fundamental importância para o desenvolvimento de relações afetivas e orgânicas e de ações criativas que desembocariam na formação do estudantado como um todo (BENJAMIN, 1986).

  • Palavras-chave
  • Movimento Estudantil, Comunicação Alternativa, Educação, Greve, Universidade
  • Área Temática
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
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A Ulepicc-Brasil (capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura) realiza seu oitavo encontro excepcionalmente na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro. O evento prioriza as atividades dos Grupos Temáticos, cada qual com uma mesa e cujas atividades ocorrem em horários diferentes. Os debates são sobre as transformações no sistema capitalista e seus impactos nos campos da informação, da comunicação e das mídias, da cultura e da produção cultural.

O 8º Encontro da Ulepicc-Brasil tem o apoio da Universidade  Estadual de Santa Cruz (UESC) e os anais do evento aqui representados trazem os resumos expandidos aprovados para 8 Grupos Temáticos e para a Jornada de Graduandas/os.  Os Anais do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil têm o ISBN 978-65-88480-02-1.

  • GT1 – Políticas de comunicação
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 – Indústrias midiáticas
  • GT4 – Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 – Economia Política do Jornalismo
  • GT6 – Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Jornada de Graduandos

Comissão Organizadora

Anderson Santos, Manoel Dourado Bastos, Fernando de Oliveira e Julliana Barra

Comissão Científica

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Rozinaldo Miani (UEL)

Jonas Valente (LaPCom/UnB)

Verlane Aragão Santos (PPGCOM-UFS)

Juliana Teixeira (UFPI)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Marco Schneider (PPGCI-IBICT/UFRJ e PPGMC-UFF)

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