O artigo examina a complexidade enfrentada pelas empresas brasileiras de energia na adoção das metas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) propostas pela Science Based Targets initiative (SBTi), destacando a urgência global por ações climáticas. Enfatiza a importância estratégica do compromisso com a descarbonização, alinhado ao Acordo de Paris, para aprimorar a competitividade das empresas no mercado global, considerando a matriz energética predominantemente renovável do Brasil e seu regulamento robusto.
A investigação aborda a metodologias baseadas na ciência para estabelecer metas de descarbonização desenvolvida pelo SBTi, explorando as particularidades do setor elétrico brasileiro, como a alta dependência de fontes renováveis e a estrutura regulatória específica. A pesquisa se baseia em análise qualitativa das políticas, estruturas regulatórias e características operacionais do setor elétrico brasileiro, comparando-as com os requisitos da SBTi. Examina a aplicabilidade das metodologias SBTi considerando as particularidades do setor elétrico.
O trabalho revela que, apesar dos esforços significativos para aderir à agenda climática, as empresas brasileiras de energia encontram dificuldades substanciais. Ele indentifica desafios específicos à adesão às metas SBTi, incluindo a dificuldade de aplicação direta das metodologias existentes devido à existência de empresas com portfólio de geração majoritariamente de fontes renováveis e à complexidade de descarbonização, provocada pela regulação, nas operações de empresas classificadas no trabalho como verticalizadas. Revela que, embora as empresas brasileiras reconheçam a importância das metas baseadas na ciência, a estrutura atual oferece pouca flexibilidade para sua implementação eficaz. Destaca a necessidade de abordagens adaptativas para lidar com as singularidades do setor.
Conclui-se que a adaptação das metas SBTi ao contexto brasileiro é fundamental para que as empresas de energia do país possam contribuir efetivamente para a luta global contra as mudanças climáticas, aderindo a iniciativa. O artigo introduz algumas propostas de ajustes que precisam ser feitos nas abordagens da SBTi para melhor refletir as condições do setor elétrico brasileiro, sugerindo soluções específicas para os desafios identificados. Entre estas propostas estão a revisão de certas categorias de emissões, buscando uma separação entre categorias sejam gerenciáveis e não gerenciáveis, e a adaptação do cálculo de certas das metas de redução, a partir de uma seleção de parâmetro que sejam mais representativos da realidade de emissões nacional. Recomenda-se uma colaboração mais estreita entre as corporações, o governo e a SBTi para esta metodologia esteja sempre se desenvolvendo e trabalhando com critérios que cada vez mais representem as especificidades do setor elétrico, incentivando a participação das corporações, promovendo inovações e investimentos em tecnologias limpas, visando uma transição energética justa e eficiente para um futuro de baixo carbono.