O crescimento populacional global e a industrialização de países têm impulsionado um aumento significativo no consumo de energia elétrica, suscitando preocupações quanto à sua oferta. A atual matriz energética mundial é predominantemente composta por combustíveis fósseis altamente poluentes, como carvão e óleo (EPE, 2023). A substituição desses combustíveis tem sido promovida, principalmente após a Conferência das Partes (COP) liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, que estabeleceu os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015).
O Brasil é um dos países signatários da COP e, apesar de possuir uma vasta oferta de recursos naturais renováveis, enfrenta desafios em sua matriz energética, especialmente em termos de diversificação. Cerca de 61,9% da oferta interna de energia elétrica do país provém de fontes hidráulicas (EPE, 2023). Nesse contexto, a energia solar fotovoltaica surge como uma alternativa promissora, dado o potencial solar em todas as regiões, com níveis de irradiação variando de 4.444 Wh/m² a 5.483 Wh/m² diariamente (Pereira et al., 2017).
O Paraná se destaca como um dos principais estados na geração de energia solar fotovoltaica distribuída, ocupando o 4º lugar no ranking nacional, com uma capacidade instalada de 2,46 GW em 2023 (SEMIL, 2024). No entanto, o número de usinas outorgadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) no estado é relativamente pequeno, representando apenas 0,14% da potência instalada no país e ocupando o 11º lugar no ranking nacional. Além disso, destaca-se que a maior usina possui apenas 2MW de capacidade instalada (ANEEL, 2024).
Além disso, o mercado de energia elétrica no Brasil é predominantemente cativo, mas o Ambiente de Contratação Livre (ACL) está em expansão. Atualmente, o ACL responde por 39% do consumo de energia elétrica no país, podendo chegar a 46% com a abertura para consumidores do grupo A, sem limite mínimo de carga instalada, a partir de 2024 (Abraceel, 2023). Este mercado é visto como uma oportunidade para aumentar a geração de energia renovável e cumprir metas de transição energética, especialmente no que diz respeito à descarbonização, descentralização e digitalização da medição do consumo (Abraceel, 2023).
No âmbito do Mercado Livre, destacam-se três tipos de produtores de energia: a concessionária, o autoprodutor e o produtor independente. Para se tornar um produtor independente, o empreendimento, gerido por pessoa jurídica ou empresas em consórcio, deve possuir uma potência superior a 5MW. Considerando a inexistência de Usinas Solares Fotovoltaicas (UFVs) deste porte no Paraná, este artigo propõe um mapeamento do estado com o objetivo de identificar as melhores áreas para a implantação de UFVs com capacidade superior a 5MW.