Olhando-se para o futuro e para a implementação de estratégias de descarbonização acelerada e de RACE TO NET ZERO em escala global, as discussões sobre o papel a ser reservado à energia nuclear permanecem abertas. Ainda que, a partir de 2005, e particularmente entre 2010 e 2012, a produção de energia nuclear tenha perdido vitalidade e sofrido severa queda nos países da OCDE, após o acidente nuclear de Fukushima no Japão, tal queda é parcialmente compensada pelo avanço expressivo da energia nuclear nos países não membros da OCDE da Ásia, com destaque para a China. No Brasil, a energia nuclear é analisada e proposta como opção de energia elétrica de baixo carbono no Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050). No entanto, as contendas entre os grupos pró e contra à energia nuclear permanecem vivas e as investigações raramente ultrapassam a temática sobre o término da construção da terceira usina nuclear brasileira, ANGRA III. O Estado de São Paulo tem estado apartado desses debates nacionais. Contudo, desde a década de 1980, o Estado abriga as principais instalações do Programa Nuclear da Marinha do Brasil (PNM), que nasceu como Programa Autônomo de Tecnologia Nuclear (PATN). Esse Programa propiciou ao Brasil desenvolver os elementos mais sensíveis da tecnologia nuclear, torando-se detentor de tecnologia própria em praticamente todas as etapas de fabricação do combustível nuclear, inclusive o tão sensível enriquecimento do urânio. No Plano Estadual de Energia do Estado de São Paulo para 2050 (PEESP2050), propõe-se uma estratégia energética pró-nuclear para o Estado de São Paulo, com olhar para além do horizonte temporal de 2050 e partindo-se da aglutinação de infraestrutura complementar de Pequenas Centrais Nuclear (PCNs), como desdobramento do PNM. Este trabalho descreve o histórico, os fundamentos e as primeiras análises críticas dessa eventual estratégia nuclear paulista, cujo alcance poderá transbordar as fronteiras estaduais para os planos nacional e internacional.