Nos últimos anos, várias propostas de regulamentação para o hidrogênio e outros combustíveis renováveis têm sido discutidas mundialmente, no sentido de padronizar esses recursos energéticos e garantir sua origem sustentável. Diversas etapas da cadeia de suprimento do hidrogênio são contempladas nas regras, incluindo a origem da eletricidade e seu transporte, o fornecimento de água para os eletrolisadores e a distribuição do hidrogênio, em uma tentativa de considerar as emissões de ciclo de vida da cadeia de suprimento. Na Europa, o Renewable Energy Directive (RED) é um mecanismo mandatório, com uma série de critérios referentes à toda a cadeia de suprimento do combustível. Além do limite de emissões de CO2 desde à produção até a entrega do hidrogênio, o RED também estabelece critérios de adicionalidade, correlação temporal e correlação espacial para a planta de geração de energia que alimenta os eletrolisadores. Neste trabalho, destaca-se o requisito de correlação temporal ou simultaneidade se refere à temporalidade de sincronização da produção de hidrogênio com a geração de energia renovável na planta contratada, para a garantia da origem da energia de baixo carbono. Este requisito visa compatibilizar, de forma contábil, a cada período a energia renovável gerada e a produção de hidrogênio. Por exemplo, o RED estabelece que a correlação temporal deverá ser de uma hora a partir de 2030 e até lá, essa correlação é contabilizada de forma mensal. Dessa forma, o objetivo desse estudo é avaliar como diferentes escalas de temporalidade podem impactar na viabilidade econômica e nas emissões de GEE de projetos de hidrogênio verde, visando embasar a discussão sobre os critérios de certificação. Esses regramentos ainda são pouco estudados na literatura e não há um consenso sobre os impactos que eles trazem para o dimensionamento da infraestrutura e para os custos totais de projetos de hidrogênio. A metodologia envolveu a aplicação de um modelo de otimização para um estudo de caso, com o dimensionamento da infraestrutura necessária para atender a demanda de hidrogênio de uma refinaria, com simulações do custo nivelado do hidrogênio (LCOH) e das emissões de GEE para três escalas de temporalidade: horária, diária e mensal. Os resultados preliminares mostraram que o aumento nas restrições de escala temporal resultou em apenas 4 e 1% de aumento no LCOH, respectivamente, para as escalas horária e diária, em relação à mensal, menos restrita. Ainda será preciso finalizar as análises para chegar a conclusões precisas. No entanto, independentemente de quais elas sejam, esse estudo irá trazer embasamento técnico para discussões relacionadas aos regramentos para combustíveis sustentáveis, contribuindo para a formulação de políticas públicas para o desenvolvimento de um mercado de hidrogênio verde no Brasil.