Marx ([1858] 2011, p. 61) destaca, ao indicar o caminho para uma análise do método da economia política, entre outros aspectos, o exame das relações internacionais e do mercado mundial, e suas crise. É com esse olhar que analisamos as recentes crises do sistema capitalista, para a compreensão do atual estágio de desenvolvimento das forças produtivas e da produção de valor e mais-valor. A produção das mercadorias para valorização e acumulação de capital continua a determinar os movimentos da sociedade, com crescente ênfase na importância da velocidade de circulação e rotação do capital para essa produção, como enfatizado em Marx ([1858] 2011, [1885] 2014).
O produto, que não é para autoconsumo, e que para sua produção envolve a divisão de trabalho para a reprodução social, segundo Marx, passa pela produção/distribuição/troca/consumo. Portanto, a realização do processo, que leva o industrial a entregar ao comerciante a mercadoria, está ligada a redução do tempo de curso/circulação. Marx denomina de tempo de rotação à soma do tempo de produção (industrial) com o tempo de curso ([1858] 2011; [1885]2014). Essa redução do tempo de circulação no capital comercial está em cumprir no menor tempo o circuito, em que a mercadoria sai da esfera do capital industrial e depende da comercialização (FIGURA 1).
No século XXI, as novas praças de mercado pela introdução das novas TICs, proveniente da internet, sob o controle de poderosas plataformas de negócios, vem dominando e definindo os rumos econômicos, políticos, culturais, e apresentam um novo cenário na circulação das mercadorias (DANTAS, 2017).
Os serviços postais apresentam-se como peça fundamental para circulação das mercadorias dentro do território nacional e internacional, disputando espaço com empresas de transportes e de varejo (Amazon, Magalu, AliExpress etc.). A participação dos serviços postais na economia, é uma realidade desde época de Marx ([1858] 2011) ao identificar na autonomização do mercado mundial, o crescimento do desenvolvimento das relações monetárias (do valor de troca) e, vice-versa. A circulação, como curso efetivo das mercadorias no espaço, dilui-se no transporte da mercadoria, como já afirmava Marx, e com as plataformas sociodigitais (PSDs) é possibilitado a introdução da informação, que tal como “a locomoção, será valor sem ser mercadoria” (DANTAS, 2006, grifo do autor), em que o investidor - para nosso estudo o serviço postal, adianta capital monetário para adquirir meios e capacidade de trabalho, que utiliza nas atividades de perceber, processar, registrar e comunicar informação, possibilitando sua valorização (FIGURA 2).
O objetivo deste estudo, é identificar e analisar, à luz da teoria do valor em Marx, os serviços postais e como o trabalho informacional, realizado pelos trabalhadores deste setor, no contexto do capital-informação, produz valor e mais-valor. Os serviços postais são um exemplo da materialização do “valor em movimento” e intensificam o debate sobre a importância do transporte das mercadorias, sobre a lei do valor na indústria da comunicação e de transporte, ou seja, na rotação do capital no século XXI, em que a informação é a principal mercadoria. Esse é o desafio, que por si só, justifica o presente projeto.
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