AS PLATAFORMAS SOCIODIGITAIS COREANAS IMPULSIONAM O TRABALHO GRATUITO DOS FÃS DA BANDA B.T.S.

  • Autor
  • MARCOS DANTAS
  • Co-autores
  • ANA MARIA DE ALMEIDA RIBEIRO
  • Resumo
  • Um fenômeno, de destaque internacional, desde 2018, é o crescimento da indústria cultural coreana – a “Onda Coreana” (Hallyu) no ocidente. Em 2020, a produção sul-coreana “Parasita” (OGLOBO, 2020) foi a grande vencedora do Oscar 2020, sendo a primeira produção de língua não inglesa a ganhar o prêmio de melhor filme. A produção coreana, com tema central no conflito de classes sociais, estimulou a busca por outras produções coreanas (ESP, 2020) como K-Drama, séries exibidas nas redes de televisão e na internet, em plataformas (Netflix, YouTube etc.), e o K-Pop, gênero musical popular, no qual a banda BTS quebrou todos os recordes, inclusive os dos Beatles (UOL, 2020).

    Com referencial teórico nas obras de Marx ([1858] 2011), Dantas (2006, 2011, 2017), Harvey (2008, 2018), Debord ([1968] 1997), Sibilia (2016), Sierra Caballero e Sola-Morales (2021) e Bastos (2020), analisamos os elementos da indústria cultural que identificam o atual estágio de desenvolvimento do capitalismo contemporâneo. Esta comunicação busca contribuir para reflexões sobre o processo de trabalho subordinado à lógica capitalista de acumulação baseada na renda informacional (DANTAS, 2006), a busca constante do capital para reduzir seus tempos de rotação (HARVEY, 2008), o papel da cultura como um motor de mudança social e a mercantilização de produtos estéticos ou artísticos, ao mesmo tempo em que restringe a diversidade e o pluralismo, pode aumentar a participação e o empoderamento social (SIERRA CABALLERO & SOLA-MORALES, 2021) e o caráter político do engajamento (BASTOS, 2020).

    A cultura tem se apresentado como objeto de um processo de trabalho e valorização voltado para a acumulação, baseado na apropriação de rendas monopolistas, extraídas da propriedade intelectual, usando a internet. O capital esvazia a mercadoria de seu valor de troca, elevando-a a puro uso estético, valor somente realizado se a renda gerada estiver vinculada a algum direito de propriedade intelectual (DANTAS, 2011).

    O trabalho analisa a plataforma web coreana Weverse (2019) e o serviço de streaming de vídeo ao vivo de artistas sul-coreanos, VLive (2015), como influenciadores na organização e mobilização de trabalhos gratuitos realizados por fãs da banda BTS, atuando como uma “praça de mercado” (DANTAS, 2017), gerando lucros para a empresa e para os membros da banda (INHAM, 2020). O conteúdo inserido nas plataformas, aliado ao conteúdo que os fãs (re)produzem nas redes sociais, leva a um engajamento no processo de produção cultural e à criação de novos conteúdos, o que aumenta os lucros da agência e dos artistas (FIGURA 1 e 2), bem como, ao apoio dos fãs para intervenção na política social, nos temas abordados pela banda de igualdade de gênero, defesa dos direitos LGTBQ+ e saúde mental (KIM, 2018).

    Para este estudo, utilizamos pesquisa bibliográfica, observação direta em redes sociais e em canais específicos de participação de fãs (ARMYs). Este trabalho faz parte dos estudos e investigações sobre o capital da informação na sociedade capitalista, baseado no espetáculo e no consumo, realizado no Grupo Marxiano de Pesquisa em Informação, Comunicação e Cultura (ComMarx), da Universidade Federal de Rio de Janeiro.

  • Palavras-chave
  • Indústria da comunicação. Trabalho informacional. Indústria cultural coreana. Banda BTS. Trabalho vivo.
  • Área Temática
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  • GT3 – Indústrias midiáticas
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