A demarcação de 10 anos da morte de Valério Cruz Brittos nos serve para saudar a importância do trabalho acadêmico em prol da Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (EPC), desenvolvido em várias publicações, mas também a partir da atuação do grupo de pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (Cepos).
Ao falar na mesa de encerramento do encontro passado da Ulepicc-Brasil o que eu via como desafios estruturais e epistemológicos na EPC brasileira, apontei a necessidade de nos citarmos. A crítica desde uma experiência de como se fazia a partir da orientação de Brittos, com a devida justificativa:
Uma das lembranças da experiência no Cepos [...] era a preocupação de que todas as publicações de membros do grupo retomassem categorias conceituais (re)definidas lá, com citação a trabalhos anteriores. Só assim o que pesquisávamos poderia ser mais bem difundido e furar a bolha interna do grupo e do programa de pós-graduação da Unisinos (SANTOS, 2022).
Do que há quantificado e que pode indicar resultado disso, Lopes, Santos & Mota (2015) identificaram que Brittos foi o segundo autor com mais referências (28) em publicações da Revista EPTIC num recorte de 6 anos alisados (2009-2014), ficando atrás apenas de César Bolaño (37) – que tem cerca de 15 anos de diferença de publicações na área.
Além disso:
Em levantamento realizado a partir do Google Acadêmico, a tese [BRITTOS, 2001] foi citada em outros 42 trabalhos científicos disponíveis de forma digital. Dois livros coorganizados em parceria com César Bolaño, que também têm como objeto de estudo a televisão no Brasil, possuem ainda mais referências: “A TV brasileira na era digital: exclusão, esfera pública e movimentos estruturantes” [...], citado 184 vezes; e “Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia” [...], com 176 citações (BOLAÑO & SANTOS, 2020, p. 3).
Nesse contexto, o objetivo da nossa apresentação é tratar das táticas estabelecidas no âmbito do Cepos voltadas especialmente para a construção, o desenvolvimento e a difusão dos conceitos produzidos pela EPC brasileira, de maneira a poder indicar possibilidades já praticadas em grupo de pesquisa deste subcampo antes mesmo do direcionamento de órgãos formais de pesquisa e pós-graduação sobre a relevância da circulação de ideias como métrica avaliativa.
Para isso, tratar-se-á de pesquisa qualitativa que mesclará o relato descritivo enquanto pesquisador que fez parte dos últimos anos de existência do grupo Cepos e foi orientando de mestrado em Ciências da Comunicação de Brittos; aliado à pesquisa bibliográfica quanto aos conceitos da EPC brasileira oriundos de preocupação por gerar uma taxionomia própria para aplicação e difusão da interpretação deste subcampo, algo demonstrado em Bolaño & Santos (2020), mas que seguirá ainda o que está apresentado em Brittos (2001; 2022), além de outros trabalhos.
Cremos que como resultado teremos a possibilidade de discutir táticas para melhor circulação do que a EPC brasileira produz, em meio à disputa epistemológica interdisciplinar que atuamos, assim como a retomada de uma série de conceitos categorizados por Brittos e de permanente utilização, casos de “barreiras estético-produtivas”, “barreiras político-institucionais” e “PluriTV”.
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