Este resumo expandido e a sua apresentação buscam disseminar os resultados de dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal do Piauí. A partir da Economia Política do Jornalismo, que está baseada nos conceitos e categorias da Economia Política da Comunicação e das Teorias do Jornalismo (FRANCISCATO, 2013) mas com foco principal na categoria trabalho (FIGUEIREDO, 2019), analisou-se os modelos de negócios de 11 veículos webjornalísticos do interior do Piauí selecionados a partir de critérios populacionais, de divisões administrativas da Constituição Estadual e da quantidade de acessos. O conceito de modelo de negócio é definido criticando as definições advindas do campo científico da Administração (PICARD, 2010) e baseado na Teoria do Valor-Trabalho de Marx (RUBIN, 1987). Assim, a análise dos veículos foca em como os trabalhadores transformam informação em notícias e em mercadoria audiência (SMYTHE, 1977) que será vendida ao Estado e ao mercado, ou transformada em capital simbólico desses mesmos atores. Também contribuem para a estrutura teórica as abordagens sobre as mudanças pelas quais passa o sistema capitalista desde o início da década de 1970, com a substituição do regime de acumulação fordista pelo flexível (ZALLO, 2016); a centralidade das indústrias de rede nesse processo que envolve o avanço da globalização dos capitais financeiros (BOLAÑO, 2013; DANTAS; RAULINO, 2020); e o impacto desses fenômenos no trabalho jornalístico (ANDRADE, 2013). Por fim, características regionais sobre a organização do trabalho no Nordeste, como a alta taxa histórica de informalidade e a maior participação nas cadeias globais desde a década de 1990 (ARAUJO; CORTELETTI; LIMA, 2018); dados sociais que cobrem acesso e qualidade da internet utilizada, riqueza, composição da produção econômica (IBGE, 2012; ANATEL, 2020); e a formação socioeconômica histórica do Piauí (GUERRA; POCHMANN, 2019) também são considerados. Os resultados de observação sistemática, questionário fechado, pesquisa documental e bibliográfica (GIL, 2008) demonstram que há relação entre os veículos estudados e as grandes plataformas globais para distribuição de conteúdo e geração de renda, mas que o vínculo financeiro maior ainda é com o comércio local. Redes como Facebook, Instagram, Whatsapp e Youtube apresentam centralidade na conquista da audiência, mas banners e publicações em sites ou blogs ainda são o principal canal de financiamento, enquanto a publicidade programática é utilizada mas não chega a representar parte significativa do faturamento. Questões locais como tamanho da população e riqueza tem alto impacto no modelo de negócios. Cidades maiores e mais ricas têm veículos com mais profissionais e maior arrecadação. A análise em portais da transparência não identificou forte presença do Estado no financiamento dos observáveis. Considera-se que é preciso haver uma estruturação de Políticas Públicas que consiga fortalecer veículos webjornalísticos menos dependentes de empresas comerciais locais e das plataformas globais e que forneça melhor formação aos trabalhadores.
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