MULHERES QUILOMBOLAS, DESIGUALDADE E ESTRATÉGIAS DE ACESSO ÀS TIC NA PANDEMIA DA COVID-19

  • Autor
  • Ivonete da Silva Lopes
  • Co-autores
  • Jéssica Suzana Magalhães Cardoso , Daniela de Ulysséa Leal
  • Resumo
  • A desconexão ou brecha digital é considerada como uma nova forma de desigualdade (Selwyn, 2004; Bautist-Murillo, 2021; Guitiérrez-Provecho et al, 2021).  Essa desigualdade na pandemia da Covid-19 pode ter ampliado outras formas de exclusão social, à medida que estar desconectado restringiu a possibilidade de obter renda, inclusive o auxílio emergencial pago pelo governo federal. Limitou também o acesso à educação e saúde, área na qual as ações governamentais, sobretudo em relação ao novo coronavírus, têm sido feitas cada vez mais on-line (Lopes et al, 2022; Acevedo, Toctaguano; Troya, 2019). Este cenário evidenciou a centralidade das tecnologias para sobrevivência, o que ratifica a relevância da pauta TIC como direito humano: “O acceso a Internet también es necesario para asegurar el respeto de otros derechos, como el derecho a la educación, la atención de la salud y el trabajo, el derecho de reunión y asociación, y el derecho a elecciones libres” (OEA, 2011). As mulheres, que usualmente são as responsáveis pelos cuidados familiares em saúde, sendo consideradas “um recurso de cura” (Oliveira, Moraes, 2010, p.415), estão entre as mais afetadas pela desconexão no meio rural, como apontam pesquisas. A menor conectividade está associada à renda (baixa ou ausente), educação e desigualdade de gênero, que reduzem a probabilidades de elas possuírem um celular em relação aos homens (Rotondi, 2020 et al; Vico-Bosh, Rebollo-Catalán, 2019; Aguilera et al, 2021). Almeida e Henriques (2019) complementam que elas enfrentam problemas de conectividade no campo, e muitas vezes precisam negociar o uso do aparelho com os demais usuários (maridos e filhos).  Este artigo se insere no debate sobre exclusão digital, gênero, raça e território. Traz o resultado da pesquisa com 25 mulheres, entre 18 e 76 anos, da Comunidade Quilombola Buieié , na área rural de Viçosa/MG. A maioria delas vive com renda familiar de um salário mínimo, o que as colocam na condição de pobreza. Como essas mulheres lidaram com a exclusão digital diante da necessidade intensificada de conexão trazida pela pandemia? Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho é mapear o acesso das mulheres rurais às TIC, os hábitos de consumo de informação sobre a Covid-19 e as estratégias adotadas para minimizar a desconexão. Como resultado, a pesquisa mostra a complexidade da exclusão digital entre as entrevistadas, que ainda têm o acesso ao celular/Internet como barreira inicial para uso e apropriação das TIC. Entre as conectadas, o celular é o principal dispositivo de acesso à internet, apenas sete entre as 25 participantes da pesquisa possuíam computador ou tablet. Chama atenção as poucas opções de serviço de Internet na área rural, aqueles que operam nesse território o fazem com custo mais elevado para os assinantes. 

  • Palavras-chave
  • TIC, mulheres rurais, covid-19, exclusão digital.
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  • GT 8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
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