IMPRENSA ALTERNATIVA DOS FEMINISMOS SUBALTERNOS LÉSBICOS E NEGROS: AS CONTRIBUIÇÕES DOS INFORMATIVOS CHANACOMCHANA E NZINGA

  • Autor
  • Danyela Barros Santos Martins de Queiroz
  • Co-autores
  • Reginaldo Moreira
  • Resumo
  • O presente artigo pressupõe a comunicação alternativa feminista enquanto um espaço de comunicação que possibilita o comprometimento de mulheres com o exercício de sua cidadania, permitindo-lhes uma atuação no cotidiano e possibilitando transformar, inclusive, a sua existência e das pessoas à sua volta. Portanto encontramos na escrita dos jornais alternativos feministas brasileiros (desde os anos 1970) uma nova forma de ativismo político, refletindo as descobertas que as feministas fizeram sobre si mesmas e de todas as ideias feministas que floresceram nessa época. Tratava-se de um jornalismo feito por mulheres, a respeito das mulheres e para mulheres, carregando a expressão de contradições, desejos, conquistas, problemas e questionamentos. Dessa forma, a mídia alternativa se revelou um espaço de resistência e construção de identidades, uma vez que os discursos projetados nos veículos constituíram um fazer/agir do feminismo, que conquistou espaço na esfera pública a partir de suas estratégias de visibilidade. Partimos do entendimento que a representação de identidades de gênero por parte dos meios de comunicação é vinculada a uma construção de estruturas e significados, e que os meios estão implicados na definição da realidade e na construção de representações das mulheres e de outras identidades de gênero e sexualidade. Sendo assim, a mídia ocupa um espaço importante na construção do que significa ser mulher, entre outros modos de ser, num contexto histórico específico. Dentro do período da década de 80 do século passado, tivemos no Brasil um significativo número de experiências comunicacionais de coletivos feministas, entre elas os Informativos Chanacomchana (1981-1987) e Nzinga (1985-1989), que demarcaram a presença dos feminismos lésbico e negro, ampliando, portanto, a diversidade de narrativas até então encontradas a respeito de mulheres e possibilitando o olhar para outros modos de existência. Dadas essas perspectivas, nesse artigo analisamos de que forma os tensionamentos trazidos pelas escritas dos jornais alternativos elaborados por mulheres lésbicas e negras dos coletivos Chanacomchana e Nzinga Informativo demarcaram um espaço de disputa na constituição dos feminismos subalternos, caracterizando um importante momento histórico do movimento feminista brasileiro. Com respaldo metodológico na pesquisa bibliográfica, na análise documental e entrevistas com as mulheres participantes dos coletivos lésbicos e negros que compuseram o corpo editorial dos jornais Chanacomchana e Nzinga Informativo, demonstramos numa perspectiva decolonial e interseccional a potencialidade de autorrepresentação dessas mulheres, indicando a importância da apropriação da palavra escrita por parte de grupos subalternizados enquanto fundamental no processo de combate à invisibilidade de suas existências. Nossas conclusões indicam que a comunicação alternativa feminista elaborada por mulheres negras e lésbicas abriu a possibilidade de novos mundos, despertando afetos potentes dentro de uma perspectiva deleuziana, ou seja, afetos capazes de irromper novas realidades e organizar pessoas para outros desejos, mobilizando essas mulheres para se organizarem e esperançarem novas possibilidades de produção de vida. 

  • Palavras-chave
  • comunicação alternativa; imprensa feminista; feminismo subalterno;
  • Área Temática
  • GT2 – Comunicação popular, alternativa e comunitária
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