MULHERES RURAIS E LITERACIA DIGITAL: QUESTÕES PARA ALÉM DO ACESSO

  • Autor
  • Jéssica Suzana Magalhães Cardoso
  • Co-autores
  • Ivonete da Silva Lopes
  • Resumo
  • As discussões acerca da utilização das tecnologias informação e comunicação (TIC) perpassam questões desde a sua disponibilidade, as possibilidades de acesso por parte dos cidadãos e até a forma sobre como estes irão se apropriar dessas tecnologias (HERNANDEZ; LOPEZ; FLORES, 2020). Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) defende a educação digital como parte da formação de todos os cidadãos e um requisito para o desenvolvimento social democrático. Uma das formas de entender os diferentes níveis de educação digital é através da aplicação do conceito de literacia digital. A literacia digital pode ser explicada como uma abordagem que busca fazer com que os indivíduos compreendam e se apropriem dos recursos digitais, utilizando seus conteúdos para lidar com as questões do cotidiano e interagindo com a sociedade (BORGES; OLIVEIRA, 2011). O autor Buckingham (2008) afirma que uma pessoa com literacia digital é capaz de adquirir informações e ocupar os espaços digitais de modo interativo e democrático. No Brasil as desigualdades econômicas e sociais interferem nas possibilidades de acesso, uso e apropriação das TIC. São as mulheres negras quem mais acessam à internet somente pelo celular (Cetic.br, 2021) e as mulheres rurais quem mais possuem dificuldades na disponibilidade e uso das TIC (ROTONDI et al. 2020). Assim, buscamos compreender sob qual contexto ocorre a conexão e o acessos às TIC de mulheres residentes em dois territórios rurais do estado de Minas Gerais: a comunidade quilombola do Buieié em Viçosa e o assentamento Olga Benário em Visconde do Rio Branco. Esse recorte se justifica pelas intersecções que perpassam as possibilidades de conexão, uso e apropriação das TIC. E também, pelo papel central que muitas delas realizam em seus territórios. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa e combina diferentes metodologias. Para compreender a situação acerca de literacia digital e das condições de acesso nas respectivas comunidades rurais desenvolveu-se uma observação participante (MARCONI; LAKATOS, 2003). Além disso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas  com oito mulheres moradoras da comunidade quilombola do Buieié e 12 do assentamento Olga Benário, as quais participaram de dois projetos de extensão que trabalhavam a literacia digital em seus territórios. As respostas obtidas foram analisadas sob o método da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Os resultados apontam a necessidade uma análise interseccional em relação ao uso das TIC e da existência de literacia digital. Ambos os territórios têm menos opções de conexão à internet quando comparados as suas respectivas cidades. Além disso, possuem dificuldades econômicas e sociais que são minimizadas através de organizações individuais e coletivas das próprias populações, uma vez que os entes públicos não visualizam e/ou ignoram suas necessidades. A exclusão digital faz com que não haja literacia digital e que as mulheres desconheçam muitas possibilidades existentes no uso das TIC. 

  • Palavras-chave
  • Literacia digital, mulheres rurais, interseccionalidade.
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