Este trabalho relata a pesquisa em andamento sobre o Samba do Compositor Paranaense, movimento cultural criado em 2010 na cidade de Curitiba. Filiada ao Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Paraná, a investigação científica teve início no segundo semestre de 2022, com o objetivo analisar as práticas comunicativas e os processos criativos do referido coletivo curitibano. A intenção é avaliar em que medida as ações comunicativas e o discurso de suas criações musicais constituem estratégias políticas de construção da identidade e da memória do grupo e da cultura do samba paranaense.O interesse pelo objeto de pesquisa é resultado de pesquisas em torno da cultura do samba desenvolvidas desde 2005, nas quais mobilizamos aportes conceituais do campo da Comunicação, da Cultura e da Linguagem. Nesses estudos, colocamos em pauta o protagonismo cultural dos artistas populares no universo do samba, discutindo seu papel enquanto mediadores sociais (MARTÍN-BARBERO, 2003) que garantem a vivacidade do samba. A primeira fase da pesquisa desenvolvida na UFPR se concentra no estudo das práticas comunicativas do coletivo cultural e, para tanto, mobilizamos duas principais linhas de pensamento: os estudos sobre o samba como cultura popular afro-originada e as discussões que abordam a comunicação como estratégia política nos movimentos populares. Partimos do pressuposto que o samba, enquanto cultura diaspórica (HALL, 2003), tem como princípio fundador a reconstituição de identidades fragmentadas e/ou ocultadas pela escravização dos povos africanos no Brasil. E, do campo da comunicação e comunitária, mobilizamos a premissa de que a comunicação deve ser compreendida pelos movimentos culturais como uma das mais importantes estratégias de ação (MIANI, 2015). Na primeira fase do estudo exploratório junto ao Samba do Compositor, identificamos que o coletivo surgiu em 2010 com o propósito de articular compositores, músicos e público para disseminar o samba autoral na cidade de Curitiba. Com encontros semanais (realizados até antes da pandemia da Covid-19) e atuação ininterrupta, o coletivo já registrou mais de 1.000 composições inéditas, apresentadas por mais de 200 artistas, em eventos públicos e gratuitos. Também identificamos que o grupo faz o registro sonoro de todas as rodas, tem 2 Cd 's gravados e produz, desde 2014, cadernos bimestrais onde são registrados os sambas que tiveram destaque naquele período. Esses cadernos geram o chamado Anuário do Samba do Compositor, um livro produzido de forma artesanal pelos próprios compositores. A expressiva atuação cultural do grupo, marcada tanto pela grande quantidade de canções autorais quanto pela produção de centenas de rodas de samba, aliada à significativa produção comunicativa para divulgar e registrar toda esta trajetória, fornecem farto material para a presente investigação. Ao nos aproximarmos do coletivo, pretendemos analisar as condições de produção para verificar se o coletivo usa a comunicação como estratégica política
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