MAPAS DE CRIME E A UTILIZAÇÃO DE DADOS EM SEGURANÇA PÚBLICA

  • Autor
  • Camila Mattos da Costa
  • Resumo
  • Este estudo pretende demonstrar as considerações parciais obtidas em pesquisa cujo o objetivo era analisar a elaboração de mapas de crime no Brasil e em Portugal. Ferramentas de geolocalização são produzidas por empresas de tecnologia e utilizadas por organizações não governamentais, pelo cidadão comum e instituições públicas e privadas para a produção de mapas de seu interesse, como é o caso dos mapas de crime. Também podem funcionar como mapas a articulação de indivíduos em busca do registro de criminalidade, apontando-o em redes sociais quando na ausência de outras ferramentas.

    A disseminação de ferramentas como os mapas de crime exige um lugar crítico e dialético diante de seu estudo. A tecnologia não é boa ou má. É desenvolvida com determinados objetivos e dentro de contextos específicos. A importância que as redes sociotécnicas possuem na tomada de decisões dos indivíduos já não pode ser desconsiderada e na segurança pública esses limites podem ser levados ao extremo, pois envolvem riscos contra a vida ou a propriedade.

    Os procedimentos metodológicos adotados foram a revisão não sistemática de literatura e a realização de entrevistas semiestruturadas com pessoas que produziram de mapas de crime nesses dois países. A análise do conteúdo das entrevistas foi realizada por meio do software Nvivo.

    Com o estudo, pretende-se também analisar questões como segurança x privacidade, além de outras que aparecem na intercessão segurança pública e informação. Cada vez mais organizada em redes (CASTELLS, 2011), a sociedade desenvolve-se. Busca-se, então, a criação de tecnologias da informação e comunicação baseadas em dados e algoritmos que acabam por possuir crescente espaço na vida humana atualmente (CAPURRO, 2019; GARCIA CANCLINI, 2019). Na segurança pública não seria diferente e, por isso, diversos tipos de ferramentas tecnológicas são desenvolvidas para, supostamente, trazer maior eficiência na segurança pública no Brasil e no mundo (ROLIM, 2007; BRUNO, 2009, PASQUALE, 2015). A cartografia, por meio da geolocalização, possui bastante importância nesse contexto (BRUNO, 2009). É nesse cenário que se faz importante perguntar-se criticamente porquê e como tais ferramentas são desenvolvidas.

    Os resultados obtidos apontam uma diferença substancial na concepção e objetivo dos mapas de crime pesquisados. No Brasil, as preocupações são maiores para impedir, documentar ou destacar os crimes contra as pessoas, ou seja, em defesa da vida, enquanto em Portugal os mapas de crimes pesquisados dirigiam-se prioritariamente aos crimes contra a propriedade. Tal diferença pode explicar-se pela própria diversidade na configuração da criminalidade nos dois países. O Brasil possui alto índice de mortes violentas se comparado à Portugal.

    A diferença também pode ser observada na descontinuidade dos projetos de mapa de crimes portugueses que tinham lugar tanto no Estado quanto fora dele. As iniciativas portuguesas foram descontinuadas com relativa rapidez por algumas razões, mas a falta de investimento foi a principal delas. Contudo, no Brasil, é possível observar a expansão das ferramentas em números de aplicativos ou sites e em áreas mapeadas. Mais uma vez, a diferença reside na forma como o fenômeno da violência pode ser compreendido.

     

  • Palavras-chave
  • Mapas de crime; vigilância distribuída; segurança pública
  • Área Temática
  • GT7- Estudos Críticos em Ciência da Informação
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