PLATAFORMAS DIGITAIS E MEDIAÇÃO DO TRABALHO: UMA ANÁLISE DAS PLATAFORMAS GETNINJAS E WORKANA

  • Autor
  • Helena Martins do Rêgo Barreto
  • Co-autores
  • Pamela Rocha
  • Resumo
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    As mudanças tecnológicas associadas às do próprio capitalismo têm modificado também as relações de trabalho, em um contexto de um novo metabolismo social que emerge da reestruturação produtiva, o qual tem como bases a “precarização do trabalho, a intensificação (e ampliação) da exploração (e espoliação) da força de trabalho, o desmonte de coletivos de trabalho e de resistência sindical-corporativa; assim como a fragmentação social nas cidades em virtude do crescimento exacerbado do desemprego em massa” (ALVES, 2009, p. 188). Um período, segundo Bolaño (2002), marcado pela ampliação da subsunção do trabalho ao capital.

    Na última década emergiram plataformas digitais que se apresentam como mediadoras para venda da força de trabalho. Apresentando-se como arranjos inovadores, elas, ao contrário disso, reforçam a precarização, pois a partir delas se estabelece um vínculo não reconhecido, há o pagamento de salário por peça, nos termos de Marx (2014), além da intensificação do trabalho e de novas formas de controle, como o gerenciamento algorítmico (ABÍLIO, 2019) e a subsunção vigiada (MARTINS, 2022). Tais empreendimentos “ditam um modelo de trabalho que precariza as relações de trabalho, vulnerabiliza a situação dos trabalhadores e ameaça direitos trabalhistas em diversos países” (OLIVEIRA et al., 2021, p.2).

    A partir da Economia Política da Comunicação e da Cultura (EPC), analisamos os modelos de mediação de trabalho intelectual desenvolvidos por duas plataformas: GetNinjas e Workana. Ambas plataformas têm atuação no Brasil e em outros países e atuam como mediadoras entre profissionais, tratados como freelancers, e contratantes em diversos setores. GetNinjas apresenta-se como a maior plataforma de Contratação de Serviços do Brasil, ao passo que a Workana ostenta esse posto em relação à América Latina. Para verificar o modelo e seus impactos, descrevemos o funcionamento da relação de trabalho, tendo em vista: 1. forma de remuneração de cada plataforma; acesso do trabalhador à plataforma e clientes; 2. modo de acesso dos contratantes à plataforma e trabalhadores; 3. a remuneração do trabalhador (relação salarial); 4. a definição da remuneração; 5. o momento do pagamento; 6. o modelo de contratação e 7. o conteúdo do trabalho.

    A pesquisa mostrou que as duas plataformas cobram, mesmo apresentando roupagens diferentes, para que o trabalhador consiga acessar a possibilidade de trabalho. A GetNinjas se utiliza de um sistema de compra de moedas que liberam os pedidos, enquanto a Workana cobra uma taxa para que a intermediação ocorra. Quanto ao conteúdo do serviço, fica a cargo do cliente anunciar qual o trabalho desejado e aprová-lo. No caso da GetNinjas, existe a possibilidade de que não haja o pagamento, já que o cliente avalia quatro possíveis profissionais e escolhe apenas um, o que gera uma perda de moedas nos outros três envolvidos. Já o pagamento, nas duas plataformas, só acontece no final do processo: na GetNinjas, o valor a ser pago é combinado posteriormente. Na Workana, mesmo que haja a possibilidade de fixação do preço, o pagamento é realizado quando o cliente informa à plataforma que está satisfeito. Todo esse mecanismo amplia a subsunção do trabalho e a desigualdade os agentes.

     

     

  • Palavras-chave
  • Economia Política da Comunicação; Trabalho; Plataformas digitais; mediação
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