A convergência midiática tem sido amplamente discutida no campo comunicacional desde os anos 1980 por autores como Pool (1983), Fidler (1997), Negroponte (1995), Lévy (1999) Salaverría e Negredo (2008) e Jenkins (2009), que tratam sobre as reconfigurações proporcionadas pela mediação de tecnologias digitais no contexto dos grupos de mídia e as crises provocadas pelos meios de comunicação “tradicionais”.
Para Bolaño (1997), a convergência é uma aproximação entre informação, comunicação e cultura em face da indústria cultural, elemento de mediação entre mundo da vida e o sistema, que se traduz na aproximação entre setores da radiodifusão, telecomunicações e informática. No âmbito da Economia Política da Comunicação, investigar este fenômeno aponta para a necessidade de compreender como a aproximação daqueles setores resulta na reestruturação dos mercados e das próprias relações de poder, tendo em vista também as mudanças tecnológicas, como a digitalização.
Uma revisão sistemática de literatura sobre convergência midiática permitiu-nos identificar que existe uma maior quantidade de pesquisas que examinam como o avanço técnico proporcionado pela convergência possibilitou o fluxo de conteúdo por meio de múltiplas mídias, a aproximação entre mercados e o comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação (JENKINS, 2009). Como o trabalho detalhará, a partir de levantamento de artigos publicados entre 2016 e 2021, houve uma maior recorrência no uso do conceito até 2018. A redução pode ser explicada pela emergência de outro fenômeno, que vem sendo definido pela academia como “plataformização” (POELL; NIEBORG; VAN DIJCK, 2020).
Nas pesquisas em comunicação, “a emergência do conceito de plataforma evoluiu ao lado de discussões sobre mudanças mais amplas nas tecnologias da comunicação, na economia da informação e na subsequente reorientação dos usuários como produtores ativos de cultura” (POELL; NIEBORG; VAN DIJCK, 2020, p. 3). A plataformização, portanto, é compreendida “como a penetração de infraestruturas, processos econômicos e estruturas governamentais de plataformas em diferentes setores econômicos e esferas da vida” (Ibidem, p.5). A hipótese da pesquisa é que a plataformização é uma nova fase da convergência, no sentido tanto mais geral quanto específico. Então, além da aproximação de setores, há um processo de concentração e centralização de capital em torno das plataformas digitais, que emergem sobretudo a partir do setor da informática, mostrando o predomínio deste em relação aos outros setores tradicionais no momento. Assim, a presente pesquisa busca compreender como a concentração e centralização de capitais resultante da convergência midiática se relaciona com a conformação de plataformas digitais que operam em diferentes setores.
Há que se reconhecer que a dimensão tecnológica foi fundamental para viabilizar a convergência dos meios, porém analisar este quadro de maneira isolada não oferece respostas suficientes para uma compreensão mais geral acerca do lugar ocupado pelas tecnologias da informação e comunicação no contexto da reestruturação produtiva. Assim, a presente pesquisa apresenta um exercício de aproximação do tema da convergência midiática à problemática do conceito de plataforma. Concentramos a metodologia na pesquisa bibliográfica para compreender como os estudos de plataforma podem oferecer contribuições para a compreensão de objetos ligados à convergência midiática.
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