CULTURA DA ACELERAÇÃO DO TEMPO: COMPETÊNCIA CRÍTICA EM INFORMAÇÃO PARA UM USO SAUDÁVEL DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

  • Autor
  • TALITA FIGUEIREDO
  • Resumo
  • As ferramentas tecnológicas são tidas como instrumentos que nos ajudam a economizar tempo que poderia ser dispendido, por exemplo, no lazer, no ócio, na reflexão crítica. Mas, por meio de estratégias do chamado capitalismo de vigilância (ZUBOFF, 2020), observa-se parcela relevante da sociedade relatando dificuldade em não se deixar capturar pelas artimanhas algorítmicas criadas para manter-nos conectados, capturar nossos dados e enriquecer as big techs. Dessa forma, torna-se mais difícil estabelecer um uso saudável das tecnologias digitais. 

    Para Rosa (2019), fenômeno da aceleração do tempo na sociedade contemporânea é resultado, em alguma medida, do intenso avanço tecnológico em três dimensões: (1) a aceleração tecnológica (comunicação, transporte e produção); (2) aceleração das mudanças sociais e (3) aceleração do ritmo de vida. Para crescer mais, para inovar mais, é necessário acelerar. Como o avanço tecnológico não demora a surgir, exigimos, pouco depois, dispositivos ainda mais rápidos para levar a cabo nossas demandas reforçando essa perspectiva de forma cíclica. 

    A inserção que já era precoce de crianças nesse cenário foi ampliada em razão da pandemia do novo coronavírus. Atualmente, 93% das crianças e jovens entre 9 e 17 anos no Brasil são usuárias da internet (CETIC.br, 2022), tornando ainda mais relevante o debate em torno do uso saudável desse público. Observamos ser habitual caracterizar o uso das tecnologias digitais por crianças como algo inevitável e inerente a uma geração dita de “nativos digitais”. Pais e mães que se acostumaram a ver suas filhas e filhos conectados no período da crise sanitária (para o lazer, para a escola remota e para a socialização) reclamam do excesso de tempo que as crianças dedicam ao mundo digital, em detrimento ao mundo real. Para os responsáveis, suas crianças estão entregando às empresas de tecnologia a hora do brincar livre, do uso da criatividade, do ser criança e, em alguma medida, até mesmo parte da inocência da infância, já que as muitos acessam conteúdos e habitam redes sociais que não são necessariamente destinados a suas faixas etárias. (FIGUEIREDO, 2021). 

    Desacelerar não é o suficiente para estabelecer um uso crítico e saudável das redes. Questionar o processo informacional e entender o que há por trás dele, tomar consciência das práticas do capitalismo de vigilância e resistir à retórica da inevitabilidade são alguns exemplos que percebemos como necessários pontos de partida para forjar a competência crítica em informação (BEZERRA, SCHNEIDER, SALDANHA, 2019) nos indivíduos. Como benefício, pode-se pactuar pelo uso mais saudável das tecnologias digitais, de forma que a vida não gire, o tempo todo, ao redor delas.

  • Palavras-chave
  • ACELERAÇÃO DO TEMPO, CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA, CRIANÇAS, COMPETÊNCIA CRÍTICA EM INFORMAÇÃO;
  • Área Temática
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