Há de certo uma forte relação entre a informação e o neoliberalismo. Os fluxos de informação são meios pelos quais o neoliberalismo opera e, diante de tal perspectiva, propõe-se um estudo exploratório e bibliográfico a partir da relação conceitual entre os dois conceitos na obra Asfixia: capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem do pensador italiano Franco Berardi. A obra reune dois ensaios do autor conhecido pelo apelido de Bifo, Insurreição (2011) e Respiração (2018). No texto há ramas que dialogam com a Ciência da Informação (CI) em direção à uma crítica contemporânea, e por vezes ausênte ou diminuta neste campo. Assim, toma-se como o problema compreender qual a relação entre o neoliberalismo e a informação na obra Asfxia de Berardi? Como tal relação contribui no discurso crítico na/da CI? A ideia é realizar uma profunda análise da obra de modo a trazer questões ao solo da CI.
Para tanto, aborda-se brevemente a vida e obra de Bifo, suas relações espistemológicas e finalmente a obra em questão. Então explorara-se o livro em si que concatena ao conceito de neoliberalismo e informação tantas outras noções importantes à nossa crítica. A análise seguirá duas etapas: a primeira na compreensão do que é o neoliberalismo e informação e, em seguida, será aprofundada a relação dos conceitos.
Esta pesquisa vincula-se ao pensamento crítico na CI que se faz presente qualitativamente neste e em outros fóruns e bibliografias, dentre as quais citamos a obra iKrítika de Bezerra et al. (2019), bem como a tese Epistemologia da Biblioteconomia de Mostafa (1985).
Bifo nasceu em 1949 em Bolonha, tendo desde sua juventude participado ativamente de movimentos de trabalhadores. Suas publicações, sobretudo em revistas políticas enfocam os movimentos sociais e as tecnologias de informação comunicação (TIC). Para escapar da prisão política, regfugiou-se em Paris, onde conheceu Guattari e Foucault. Nos anos 1980 foi aos EUA e colaborou com diversas revistas de cultura e política, discutindo principalmente as TIC e sua relação com o capital e o desejo (FRANCO, 2022).
O título Asfixia faz referênca ao processo em que o planeta entrou através da financeirização da economia. Insurreição, foi escrito no contexto do Occupy, quando ocupações buscavam “reativar o corpo social do trabahador cognitivo precarizado” (BERARDI, 2020, p.7), num movimento pela “autonomia do conhecimento e da tecnologia com relação à dominação do capitalismo financeirizado”, a fim de ativar “as potências mais íntimas da linguagem” (idem, p. 8). Todavia, Bifo é assertivo, o Occupy fracassou. Escrito em outro contexto, quando a “ditadura financeirista foi reforçada pelo ressurgimento do fascismo” (idem, p. 7), Respiração procura um caminho de resistência para a asfixia promovidas pelos algorítimos e fluxos de caos: “só a poesia, esse excesso de transações semióticas, pode reativar a respiração”, só ela “reverterá o domínio da esfera financeira sobre a linguagem” (idem, p. 10).
Espera-se com esse trabalho a colheita de conceitos que potencialize uma perspectiva crítica da CI, a fim de rever o papel da área na operacionalização do semiocapitalismo.
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