A Organização do Conhecimento se atém, de forma teórico-aplicada, a construção de representações de conhecimento, onde o alicerce principal é a análise e caracterização dos conceitos, para que estes possam ter determinações específicas, conforme o domínio em que estão alocados. De acordo com Tennis (2008), a Organização do Conhecimento é composta por três tradições, que sustentam os aspectos que a constituem: na tradição epistemológica, são propostas delimitações do universo do conhecimento que será organizado e consequentemente representado. (TENNIS, 2008).
Na tradição teórica, são feitas alusões aos caminhos percorridos na procura do delineamento da área, os aspectos terminológicos, as questões de interdisciplinaridade e os modelos sistematizados e estruturados de organização do conhecimento (TENNIS, 2008).
Na tradição metodológica, o foco é nos métodos, nos enfoques culturais e éticos e da garantia de qualidade dos instrumentos e produtos da área (TENNIS, 2008).
Organizar conhecimento, implica em organizar estruturas mentais a partir das unidades de conhecimento, que são os conceitos (DAHLBERG, 1978). Os sistemas conceituais como os sistemas de classificação, tesauros e ontologias, são instrumentos construídos para organização dos conceitos. Assim, quando uma representação de mundo é elaborada, uma organização de conceitos, representada por um significante, resulta em um produto da organização do conhecimento.
Nesse sentido, teoricamente, a ORC seria um elo entre os conhecimentos de culturas especificas, como a indígena, registrada e disponibilizada, e os usuários. Os aspectos de cultura e tradição de etnias, de acordo com a rede conceitual elaborada, encontrariam lugar de representação em instituições informacionais, que, por vezes, não encontram lugar de representação nesses sistemas. Com isso, justifica-se que este estudo faz frente a diferentes perspectivas do histórico processo de segregação imposto às comunidades indígenas nacionais, como a falta de representação de sua cultura por instituições informacionais, a perda gradativa de elementos tradicionais e a separação entre memória e objeto, tão cara à contextualização que servirá para a recuperação de informações pelos usuários.
Diante do exposto, o presente trabalho questiona se, na literatura de Ciência da Informação brasileira, são tratadas especificidades da cultura indígena, à luz da Organização e Representação do Conhecimento. O objetivo é, a partir de um estudo bibliométrico, identificar as tradições epistemológica, teórica e metodológica referentes à Organização e Representação do Conhecimento Indígena em artigos de periódicos brasileiros.
A análise bibliométrica e as discussões dos resultados demonstram que a temática ainda é incipiente, mas que em alguns momentos tem acompanhado as discussões envolvendo os processos de organização e representação do conhecimento, por meio do estudo de vocabulários controlados, sistemas de classificação ou tesauros, contribuindo para uma abertura de discussões no âmbito da CI, e da Organização e Representação do Conhecimento.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comissão Científica